segunda-feira, 23 de abril de 2018

Livro em estudo: Grilhões Partidos - B015 – Capítulo 11 – Epilepsia, Primeira parte


Livro em estudo: Grilhões Partidos – Editora LEAL - 1974
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

B015 – Capítulo 11 – Epilepsia, Primeira parte

Capítulo 11
Epilepsia

Pergunta: 266. “Não parece natural que se escolham as provas menos dolorosas?”
Resposta: “Pode parecer-vos a vós; ao Espírito, não. Logo que este se desliga da matéria, cessa toda ilusão e outra passa a ser a sua maneira de pensar.” “O LIVRO DOS ESPÍRITOS” — Parte 2ª — Capítulo 6º.
Concluída a assistência à senhora Eudóxia, o amoroso Mentor convidou nos a observar uma jovem que dormia desassossegadamente. De quando em quando era sacudida por tremores violentos, ao tempo em que exsudava abundantemente. Não ultrapassara os vinte anos, embora o desgaste orgânico que a consumia.
Observamos que, a despeito do ressonar angustiado, não se encontrava exteriorizada, antes parecia agitada em espírito, com visíveis sinais de perturbação psíquica.
De repente pareceu despertar e, assustada, com os olhos desmesuradamente abertos, pôs-se a gritar como se possuída por sevícias rigorosas.
Incontinente, no estado de alucinação, ergueu-se contorcendo-se, tremendo como varas verdes e tombou, convulsionada. O rosto experimentou forte congestão, enquanto os membros mantiveram-se rígidos por alguns segundos, após as convulsões hipertônicas. Logo depois, retorceu-se-lhe a face e a boca cerrou-se fortemente mordendo a língua. Advieram as convulsões clônicas, com os movimentos de flexão e extensão dos membros e da cabeça em desconcerto, expulsão de urina e a conseqüente coma que a dominou, mantendo-a inconsciente por alguns breves minutos.
Cessada a crise epiléptica, despertou ignorando o que ocorrera e, apesar do cansaço que denotava, levantou-se, atônita, com cefaléia, sendo vítima da por novo acesso, qual se fora acometida de violenta incorporação mediúnica...
Com o olhar vigilante, porém, não conseguimos identificar a presença de qualquer agressor desencarnado.
Ante a minha surpresa, esclareceu o Instrutor afável e cônscio:
— Estamos diante de uma problemática epiléptica genuína, mui diferente da classificada como bravais-jacksoniana, também chamada cortical, em razão de somente manifestar-se quando há lesões do córtex cerebral motor, — sistema nervoso central — que é o fator causal das convulsões tônicas e clônicas paroxísticas, que iniciam num grupo muscular de um membro.
No caso em pauta a progressão da enfermidade está conduzindo a paciente ao estado de mal epiléptico, graças ao fato de se prolongarem as crises sucessivamente por várias horas, quando, não raro, pelas conseqüências que impõe ao organismo, em forma de cargas excedentes, poderá ocasionar-lhe a desencarnação, mediante colapso ou conseqüente a processos de encefalite aguda, inevitável. Outras vezes, a sucessão das crises produz perturbações nervosas graves que conduzem o enfermo a total demência irreversível.”
Fazendo uma pausa, como a formar juízo para valiosas considerações prosseguiu:
— Este é importante capítulo da Neuropatologia que merece acurada atenção, particularmente dos estudiosos do Espiritismo, tendo em vista a parecença das síndromes epilépticas com as disposições medianímicas, no transe provocado pelas Entidades sofredoras ou perniciosas. Mui freqüentemente, diante de alguém acometido pela epilepsia, assevera-se que se trata de “mediunidade a desenvolver”, qual se a faculdade mediúnica fora uma expressão patológica da personalidade alienada. Graças à disposição simplista de alguns companheiros pouco esclarecidos, faz-se que os pacientes enxameiem pelas salas mediúnicas, sem qualquer preparação moral e mental para os elevados tentames do intercâmbio espiritual.
Não desconhecemos que toda enfermidade procede do Espírito endívidado, sendo a terapêutica espiritista de relevante valia. Convém, porém, considerar, que antes de qualquer esforço externo se há que predispor o paciente à renovação íntima, intransferível, ao esclarecimento, à educação espiritual, a fim de que se conscientize das responsabilidades que lhe dizem respeito, dando início ao tratamento que melhor lhe convém, partindo de dentro para fora. Posteriormente, e só então, se fará lícito que participe dos labores significativos do ministério mediúnico, na qualidade de observador, cooperador e instrumento, se for o caso.
Não obstante suas causas reais e remotas estejam no Espírito que ressarce débitos, há fatores orgânicos que expressam as causas atuais e próximas, nas quais se fundamentam os estudiosos para conhecer e tratar a epilepsia com maior segurança, através dos anticonvulsivos.”
Fez nova pausa, olhou a enferma que se encontrava em coma, dando curso à explicação:
— Pela lei das afinidades, o Espírito calceta é atraído antes da reencarnação à progênie, na qual se encontram os fatores genéticos de que tem necessidade para a redenção. Quase sempre seus genitores estão vinculados, em grupos familiares, a esses Espíritos em trânsito doloroso, o que constitui, normalmente, manifestação hereditária, com procedência nos graves males do alcoolismo paterno, no uso dos tóxicos, a se expressarem por meio de fatores múltiplos, tais a fragilidade orgânica, as excitações psíquicas, as infecções agudas que geram seqüelas lamentáveis... Os mais credenciados mestres discutem se as suas causas matrizes são resultado da intoxicação endógena ou conseqüentes aos distúrbios das glândulas de secreção interna, responsáveis pela cognominada epilepsia genuína. Além dessas há aqueloutras resultantes dos traumatismos cranianos, das afecções como a sífilis, a encefalite, os tumores localizados no sistema nervoso central, as emocionais, e alguns Autores admitem que a essencial ou idiopática está mais ligada às leis da hereditariedade, não obedecendo a um mecanismo patogênico definido.
Mesmo nesses casos, temos que levar em conta os fatores cármicos incidentes para imporem ao devedor o precioso reajuste com as leis divinas, utilizando-se do recurso da enfermidade-resgate, expiação purgadora de elevado benefício para todos nos.
Utilizando-me do silêncio natural, alvitrei uma indagação:
— E as sessões mediúnicas não produziriam resultado salutar, em casos dessa natureza?
Sem demonstrar enfado, esclareceu o sábio Instrutor:
— Sem dúvida, a dívida persiste enquanto se não a regulariza.
Considerando-se que o devedor se dispõe à renovação, com real propósito de reajustamento íntimo, modificando as paisagens mentais a esforço de leitura salutar, oração e reflexão com trabalho edificante em favor do próximo e de si mesmo, mudam-se-lhe os quadros provacionais, e providências relevantes são tomadas pelos Mensageiros encarregados da sua reencarnação, alterando-lhe a ficha cármica. Como vê, o homem é o que lhe compraz, o que cultiva...
O Evangelho, dessa forma, é a mais avançada terapêutica de que se tem notícia para o homem que se resolve vivê-lo em plenitude.”

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – O benfeitor Bezerra de Menezes, ao analisar uma jovem, constatou nela a epilepsia genuína, isto é, fundada em causas puramente materiais: lesões no córtex cerebral. Observou, ainda, que muitos grupos espíritas, equivocadamente e de maneira simplista, tomam a epilepsia como “mediunidade a desenvolver”, numa generalização prejudicial. Quais prejuízos poderão advir desta prática de classificar de “mediunidade a desenvolver” novos integrantes, para o Espiritismo, para o grupo mediúnico e para os próprios sujeitos?

2 – De que modo as sessões mediúnicas poderiam produzir efeitos salutares diante das epilepsias genuínas?

Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno

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