Livro em estudo: Grilhões Partidos – Editora LEAL - 1974
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia
de Divaldo Pereira Franco
B015 – Capítulo 11 – Epilepsia,
Primeira parte
Capítulo 11
Epilepsia
Pergunta: 266. “Não parece natural
que se escolham as provas menos dolorosas?”
Resposta: “Pode parecer-vos a vós; ao
Espírito, não. Logo que este se desliga da matéria, cessa toda ilusão e outra
passa a ser a sua maneira de pensar.” “O LIVRO DOS ESPÍRITOS” — Parte 2ª —
Capítulo 6º.
Concluída a assistência à senhora
Eudóxia, o amoroso Mentor convidou nos a observar uma jovem que dormia
desassossegadamente. De quando em quando era sacudida por tremores violentos,
ao tempo em que exsudava abundantemente. Não ultrapassara os vinte anos, embora
o desgaste orgânico que a consumia.
Observamos que, a despeito do
ressonar angustiado, não se encontrava exteriorizada, antes parecia agitada em
espírito, com visíveis sinais de perturbação psíquica.
De repente pareceu despertar e,
assustada, com os olhos desmesuradamente abertos, pôs-se a gritar como se
possuída por sevícias rigorosas.
Incontinente, no estado de
alucinação, ergueu-se contorcendo-se, tremendo como varas verdes e tombou,
convulsionada. O rosto experimentou forte congestão, enquanto os membros mantiveram-se
rígidos por alguns segundos, após as convulsões hipertônicas. Logo depois,
retorceu-se-lhe a face e a boca cerrou-se fortemente mordendo a língua.
Advieram as convulsões clônicas, com os movimentos de flexão e extensão dos
membros e da cabeça em desconcerto, expulsão de urina e a conseqüente coma que
a dominou, mantendo-a inconsciente por alguns breves minutos.
Cessada a crise epiléptica, despertou
ignorando o que ocorrera e, apesar do cansaço que denotava, levantou-se,
atônita, com cefaléia, sendo vítima da por novo acesso, qual se fora acometida
de violenta incorporação mediúnica...
Com o olhar vigilante, porém, não
conseguimos identificar a presença de qualquer agressor desencarnado.
Ante a minha surpresa, esclareceu o
Instrutor afável e cônscio:
— Estamos diante de uma problemática
epiléptica genuína, mui diferente da classificada como bravais-jacksoniana,
também chamada cortical, em razão de somente manifestar-se quando há lesões do
córtex cerebral motor, — sistema nervoso central — que é o fator causal das
convulsões tônicas e clônicas paroxísticas, que iniciam num grupo muscular de
um membro.
“No caso em pauta a progressão da
enfermidade está conduzindo a paciente ao estado de mal epiléptico, graças ao
fato de se prolongarem as crises sucessivamente por várias horas, quando, não
raro, pelas conseqüências que impõe ao organismo, em forma de cargas
excedentes, poderá ocasionar-lhe a desencarnação, mediante colapso ou
conseqüente a processos de encefalite aguda, inevitável. Outras vezes, a
sucessão das crises produz perturbações nervosas graves que conduzem o enfermo
a total demência irreversível.”
Fazendo uma pausa, como a formar
juízo para valiosas considerações prosseguiu:
— Este é importante capítulo da
Neuropatologia que merece acurada atenção, particularmente dos estudiosos do
Espiritismo, tendo em vista a parecença das síndromes epilépticas com as
disposições medianímicas, no transe provocado pelas Entidades sofredoras ou
perniciosas. Mui freqüentemente, diante de alguém acometido pela epilepsia,
assevera-se que se trata de “mediunidade a desenvolver”, qual se a faculdade
mediúnica fora uma expressão patológica da personalidade alienada. Graças à
disposição simplista de alguns companheiros pouco esclarecidos, faz-se que os
pacientes enxameiem pelas salas mediúnicas, sem qualquer preparação moral e
mental para os elevados tentames do intercâmbio espiritual.
“Não desconhecemos que toda
enfermidade procede do Espírito endívidado, sendo a terapêutica espiritista de
relevante valia. Convém, porém, considerar, que antes de qualquer esforço
externo se há que predispor o paciente à renovação íntima, intransferível, ao
esclarecimento, à educação espiritual, a fim de que se conscientize das
responsabilidades que lhe dizem respeito, dando início ao tratamento que melhor
lhe convém, partindo de dentro para fora. Posteriormente, e só então, se fará
lícito que participe dos labores significativos do ministério mediúnico, na
qualidade de observador, cooperador e instrumento, se for o caso.
“Não obstante suas causas reais e
remotas estejam no Espírito que ressarce débitos, há fatores orgânicos que
expressam as causas atuais e próximas, nas quais se fundamentam os estudiosos
para conhecer e tratar a epilepsia com maior segurança, através dos
anticonvulsivos.”
Fez nova pausa, olhou a enferma que
se encontrava em coma, dando curso à explicação:
— Pela lei das afinidades, o Espírito
calceta é atraído antes da reencarnação à progênie, na qual se encontram os
fatores genéticos de que tem necessidade para a redenção. Quase sempre seus
genitores estão vinculados, em grupos familiares, a esses Espíritos em trânsito
doloroso, o que constitui, normalmente, manifestação hereditária, com
procedência nos graves males do alcoolismo paterno, no uso dos tóxicos, a se
expressarem por meio de fatores múltiplos, tais a fragilidade orgânica, as
excitações psíquicas, as infecções agudas que geram seqüelas lamentáveis... Os
mais credenciados mestres discutem se as suas causas matrizes são resultado da
intoxicação endógena ou conseqüentes aos distúrbios das glândulas de secreção
interna, responsáveis pela cognominada epilepsia genuína. Além dessas há
aqueloutras resultantes dos traumatismos cranianos, das afecções como a
sífilis, a encefalite, os tumores localizados no sistema nervoso central, as
emocionais, e alguns Autores admitem que a essencial ou idiopática está mais
ligada às leis da hereditariedade, não obedecendo a um mecanismo patogênico
definido.
“Mesmo nesses casos, temos que levar
em conta os fatores cármicos incidentes para imporem ao devedor o precioso
reajuste com as leis divinas, utilizando-se do recurso da enfermidade-resgate,
expiação purgadora de elevado benefício para todos nos.
Utilizando-me do silêncio natural,
alvitrei uma indagação:
— E as sessões mediúnicas não
produziriam resultado salutar, em casos dessa natureza?
Sem demonstrar enfado, esclareceu o
sábio Instrutor:
— Sem dúvida, a dívida persiste
enquanto se não a regulariza.
Considerando-se que o devedor se
dispõe à renovação, com real propósito de reajustamento íntimo, modificando as
paisagens mentais a esforço de leitura salutar, oração e reflexão com trabalho
edificante em favor do próximo e de si mesmo, mudam-se-lhe os quadros
provacionais, e providências relevantes são tomadas pelos Mensageiros
encarregados da sua reencarnação, alterando-lhe a ficha cármica. Como vê, o
homem é o que lhe compraz, o que cultiva...
“O Evangelho, dessa forma, é a mais
avançada terapêutica de que se tem notícia para o homem que se resolve vivê-lo
em plenitude.”
QUESTÕES PARA ESTUDO
1 – O benfeitor Bezerra de Menezes, ao analisar uma jovem,
constatou nela a epilepsia genuína, isto é, fundada em causas puramente
materiais: lesões no córtex cerebral. Observou, ainda, que muitos grupos
espíritas, equivocadamente e de maneira simplista, tomam a epilepsia como
“mediunidade a desenvolver”, numa generalização prejudicial. Quais prejuízos
poderão advir desta prática de classificar de “mediunidade a desenvolver” novos
integrantes, para o Espiritismo, para o grupo mediúnico e para os próprios
sujeitos?
2 – De que modo as sessões mediúnicas poderiam produzir
efeitos salutares diante das epilepsias genuínas?
Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno
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