quarta-feira, 15 de abril de 2009

Notícia: A bomba populacional: Somos gente demais?

- por Andrea Vialli.

Em 1968, Paul Ehrlich, biólogo da universidade de Stanford, nos Estados Unidos, publicou com grande celeuma seu livro 'The Population Bomb', onde defende que os países adotem um controle populacional rígido, de modo a evitar uma escassez de alimentos e outros recursos naturais. Na época, ele próprio foi bombardeado por gente da esquerda e da direita. Os detratores da esquerda diziam que ele tinha inspirações nazistas em defender o controle populacional. Os da direita diziam que suas idéias eram uma afronta aos direitos individuais. Ehrlich tinha 36 anos quando publicou o livro.

Ele errou ao prever que, nas décadas de 1970 e 1980, milhões de pessoas morreriam de fome por causa da escassez de comida. Mas hoje, aos 76 anos, Ehrlich volta a ser comentado. Suas idéias caíram no gosto dos estudiosos e ativistas da sustentabilidade. Ele manteve sua idéia original - de que o crescimento sem limites da população e o hiperconsumo não são compatíveis com a finitude dos recursos naturais.

E mais: junto com sua esposa, Anne Ehrlich, o cientista criou uma fórmula matemática para calcular a pressão dos humanos sobre a Terra: I=PAT. Na equação, I é o impacto ambiental, medido pela multiplicação de P (o tamanho da população de uma área), A (média do consumo individual, medido pelo PIB per capita) e T (tecnologias empregadas e seu impacto em termos de emissões de gases de efeito estufa).

O debate neomalthusiano voltou a ganhar espaço face a questões como segurança alimentar, pobreza, suprimento de energia e mudança climática. A população do mundo atualmente está em 6,8 bilhões de pessoas - quatro vezes o tamanho da população há um século atrás - e, embora as taxas médias de fecundidade estejam em queda (2,8 filhos por mulher nas nações mais pobres e 1,6 nas mais ricas), anualmente em torno de 75 milhões de habitantes são acrescentados ao planeta.

Há quem diga que o problema não é a quantidade de pessoas no planeta, e sim seu padrão de consumo e também o desperdício de recursos como água e comida. Nesse time, está a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Em seu relatório “Perspectivas do Meio Ambiente para 2030”, o grupo prevê que só o “stress hídrico” atingirá 3 bilhões de pessoas. “A população não representa um problema em si. As pressões exercidas sobre os recursos naturais não vem do número de habitantes, mas de seus hábitos de consumo.” Nunca é demais lembrar que a OCDE reúne os países mais ricos do mundo, justamente aqueles que tem o padrão de consumo mais elevado.

E os leitores, o que pensam sobre o assunto?

Fonte: http://blog.estadao.com.br/blog/vialli/?title=a_bomba_populacional_somos_gente_demais&more=1&c=1&tb=1&pb=1

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COMENTÁRIO:
“Somos gente demais?”, é uma pergunta muito pertinente que exige análises amplas e estudos profundos, procurando encontrar respostas e soluções que procurem conciliar alguns aspectos fundamentais: a sustentabilidade do Planeta Terra, a sustentabilidade da vida Humana, a sua dignidade e a sua necessidade de evoluir constantemente como Homem e como Espírito.
Será o excesso de população algo com que nos devamos preocupar? Esta pergunta já foi motivo de enorme preocupação na década de 70, com revelações de enorme alarmismo sobre um futuro próximo com falta de alimentos, energia e matérias-primas que felizmente não se confirmaram. Isso poderia na realidade ser um problema se o volume da natalidade mantivesse o crescimento dos últimos anos, mas não é isso que prevêem muitos estudiosos e os factos falam por si: A taxa de natalidade está em queda nos países pobres e ainda mais nos países desenvolvidos. Mesmo com o aumento da esperança média de vida (quase duplicou no último século, estando por volta dos 80 anos na maioria dos países desenvolvidos), alguns destes países estão a enfrentar um sério problema de crescimento populacional nulo, com tendência para o envelhecimento e diminuição de população no futuro. A propagação da ciência e da tecnologia, a melhoria das condições de vida, higiene e saúde das populações dos países em desenvolvimento, irá fazer aumentar a esperança média de vida nesses países e as suas populações inevitavelmente… mas depois o seu padrão de crescimento deverá seguir o modelo dos países agora desenvolvidos e então começar a diminuir. Há estudiosos que prevêem que no futuro, o problema será de escassez de pessoas e sobretudo de pessoas jovens com capacidade para trabalhar, inovar e criar riqueza, do que um problema de excesso de população.
Mas está à vista de todos que o Homem abusou e continua a abusar dos recursos da Natureza, ultrapassando os limites do razoável. Tal como afirma o agente Smith no filme “Matrix”: “Os Humanos se comportam tal como um vírus: para sobreviver e crescer têm de destruir tudo o que os rodeia.” É necessário que cada um de nós possa assumir as suas responsabilidades e não sacuda a água do capote: Eu sou responsável pelo desgaste do meu Planeta através dos hábitos de consumo que tenho. Saturamos as terras férteis, devastamos florestas, desgastamos recursos energéticos, intoxicamos as águas, destruímos animais e os seus habitats, poluímos o ar que respiramos… tudo isto foi realizado progressivamente a partir dos últimos séculos, com o pensamento unicamente focado no progresso económico, procurando satisfazer um número cada vez maior de população, o seu crescente nível de vida e as suas cada vez superiores necessidades de consumo.
Medidas impositivas de controlo populacional vão contra a liberdade individual e não existem garantias que não estaríamos a prejudicar o desenvolvimento futuro. Precisamos de crianças, de Espíritos mais esclarecidos e inovadores que tenham como grande preocupação o interesse global e ajudem a criar um mundo novo. Tal como defende a Doutrina Espírita, a transformação própria, a educação, o esclarecimento, a sensibilização e o exemplo pessoal são as vias adequadas para a transformação do mundo. Deus criou leis naturais sublimes e magníficas e na Natureza tudo tende para o equilíbrio. A Natureza tem uma capacidade incrível de sobrevivência, renovação e transformação, isso já foi demonstrado ao longo da história. Somos os seres mais inteligentes à face da Terra, não somos os donos desse Planeta. Precisamos de nos comportar como seres inteligentes, deixando de usar esse dom fantástico apenas para criar armas ou tecnologia com viabilidade económica imediata, mas também para criar novas formas de promover um equilíbrio e sustentabilidade social, económica e ambiental, que trarão prosperidade, desenvolvimento e maior igualdade de distribuição de riqueza no futuro. Cada um de nós tem também um importante papel a desempenhar. O equilíbrio e sustentabilidade do nosso Planeta não dependem apenas da realização de grandes coisas. Os pequenos hábitos são os mais benéficos e se os conseguirmos desenvolver e propagar estaremos a dar um precioso contributo para ajudar o Planeta Terra: A utilização equilibrada de recursos como água, comida e energia, a separação do lixo para reciclagem, a preferência por consumo de produtos reciclados, o uso preferencial de transportes públicos ou de bicicleta, usar pilhas e cartuchos recarregáveis, a plantação de árvores ou produtos hortícolas, se tiver possibilidades a criação de um lugar no quintal para transformar lixo orgânico em adubo… existem mil e uma maneiras de sermos uma solução e não um problema. O que faz a diferença é o próprio exemplo e se fizermos a nossa parte da melhor forma, outros seguirão os nossos passos e estaremos a ajudar à criação de um novo modelo de sociedade. Como dizia Gandhi: “Devemos ser a mudança que queremos para o mundo.“
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(Comentário por: Carlos Miguel Pereira. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Caridade por Amor (CECA), na cidade do Porto, e colaborador regular do Espiritismo.Net)

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