domingo, 28 de junho de 2015

Buscando a resposta: Educar para a paz é possível?!

Questões para debate:

1 - Em que situações usamos da violência para resolver conflitos?
2 - Vivemos hoje numa “cultura bélica”?
3 - O que significa, em nosso dia-a-dia, ter “a paz como método”?

Além das questões acima propostas, faça uma análise do tema com as orientações advindas da Doutrina Espírita.

Texto de apoio:

 

Educar para a paz é possível

Artigo sobre a educação para a paz.

Nunca se falou tanto em Educação para Paz como nos dias de hoje. E os motivos para este despertar são conhecidos e vividos diariamente por todos. A violência direta, aquela visível e explorada pela mídia, nunca esteve tão presente como neste início de século. Os meios de comunicação de massa permitem que a população entre em contato diariamente com a dura realidade mundial, gerando desta maneira conceitos na maioria das vezes mistificados, tanto de paz, quanto de violência.

As manchetes de jornal geram um falso sentimento de nascimento e multiplicação da violência: “a violência cresce...”, “a violência é uma epidemia descontrolada...”, “a onda de violência” etc. Contudo a violência não surgiu no último século, nem mesmo é um fenômeno causado por alguns poucos indivíduos que nasceram com o germe para o crime e a marginalidade. Tanto violência quanto paz são formas de solucionar conflitos, são invenções humanas que vêm sendo desenvolvidas ao longo da história da nossa civilização. Vivemos numa sociedade culturalmente violenta. A sociedade ocidental e capitalista cultiva a competição, o consumismo, o individualismo e justifica o uso da guerra como um meio de atingir a paz, compreendida, neste caso, como passividade e ausência total de conflitos.

Cultura bélica

O nosso desenvolvimento emocional, intelectual e físico depende de uma série de fatores do contexto onde estamos inseridos. As nossas escolhas, as nossas reações ao longo de nossa vida são diretamente influenciadas pelas aprendizagens que construímos. Assim, vivendo numa sociedade onde a violência é justificada como único meio capaz de instituir a justiça e a liberdade, naturalmente, numa situação de conflito iremos sempre buscar a solução aprendida como a mais eficaz - no nosso caso, a violência. Nos é ensinado das mais diversas formas a viver a violência como algo natural. Basta observar os filmes de sucesso, os nomes das ruas mais importantes, os nossos principais heróis, para visualizar a cultura bélica em que estamos mergulhados. Existem desta maneira duas formas de violência: aquela proibida e condenada por todos, como assaltos, agressões físicas, assassinatos, e aquela permitida e considerada necessária, como as soluções através da “força justa”, tal como as guerras que também geram assaltos, agressões físicas e acima de tudo muitas mortes.

Um novo método: a paz

Colocando a violência como algo cultivado, podemos afirmar, portanto, que ela não é algo natural, não faz parte da natureza humana e é um instrumento aprendido culturalmente para solucionar conflitos. Assim, se aprendemos ao longo da nossa existência a resolver as desavenças através da agressão, direta ou indireta, se aprendemos a destruir o outro, somos também capazes de aprender e construir uma nova maneira de enfrentar os conflitos, visto que paz e violência não são entes, não nascem do nada, não são fenômenos independentes de nossa vontade, são invenções humanas. Aqui entra a educação para a paz como peça chave na luta contra a violência. Nesta tomada de consciência de que a violência é um método de resolução de conflitos que vem sendo desenvolvido ao longo de nossa história humana, podemos, então, desenvolver e fortificar a paz como método, superando a violência.

Entretanto educar para paz não significa domesticar, submeter-se, nem mesmo eliminar os conflitos existentes tanto na escola quanto na sociedade como um todo. Tal educação está fundamentada num conceito de paz contrário ao de estado de espírito de tranquilidade, harmonia, calma e inexistência de problemas e conflitos, cultivado pela sociedade ocidental. A paz que aprendemos, além de ser extremante egoísta, pois não enxerga o outro, é impossível de ser colocada em prática, visto que os conflitos fazem parte da diversidade humana e a insatisfação e o desequilíbrio nos levam a evoluir e reconstruir as nossas imperfeições. Sob esta nova perspectiva, a paz não é um estado de espírito de harmonia passiva, sendo compreendida como movimento, ação, instrumento político em direção a relações de igualdade e justiça.

A Educação para Paz consiste, portanto, na construção de uma nova maneira de interagir com o mundo, tanto nas escolas, quanto nas mais diversas instituições. Através de grupos de discussão e planejamento de ações uma nova cultura - a cultura da paz - vem se constituindo. O estímulo ao cultivo de espaços de discussão coletiva que possibilitam o despertar da condição de sujeitos históricos a partir do protagonismo propiciam, educando para a paz, a criação de uma comunidade de trabalho e convivência que sonha e planeja um mundo melhor de paz e justiça social para todos, através da resolução não-violenta de conflitos.

Eveline Maria da Costa Integra a equipe da ONG Educadores para a Paz e é professora da escola Municipal Wenceslau Fontoura, de Porto Alegre.costa.eveline@gmail.com

Artigo publicado no jornal Mundo Jovem, edição nº 354, março de 2005, página 3.

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