quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Filho de diarista e de vendedor é aprovado na Universidade Yale

Filho de diarista e de vendedor é aprovado na Universidade Yale


André Garcia apresentou pesquisa sobre aquecimento global no exterior. Jovem ainda aguarda resultado de outras universidades.

Por Luiza Tenente, G1

André Garcia, de 18 anos, de Embu das Artes (SP), foi aprovado na Universidade Yale, nos Estados Unidos, e ainda aguarda o resultado de outros processos seletivos em instituições no exterior. Filho de diarista e de vendedor de produtos de limpeza, o jovem estudou em escola pública até o nono ano. No ensino médio, conseguiu uma bolsa em um colégio particular – e precisou se esforçar para acompanhar o novo ritmo de aulas.

O menino foi beneficiado pelo Ismart, programa que possibilita a alunos de baixa renda e desempenho de destaque estudarem em colégios particulares. Depois de enfrentar o processo seletivo e ser aprovado para entrar no Colégio Lourenço Castanho, em São Paulo, passou a sonhar em conseguir também uma chance fora do país. “Sempre quis ter educação de excelência. Comecei a pesquisar mais sobre essas oportunidades e fiquei inspirado”, conta.

A principal dificuldade para conquistar seu sonho era o domínio da língua inglesa. “Eu tinha uma defasagem muito grande em relação aos meus novos colegas. Só sabia os cumprimentos, enquanto o pessoal fazia viagens e cursos de idiomas”, diz. “Então estudei muito sozinho, mandei e-mail para editoras e algumas me enviaram livros didáticos.”

Todos os dias, ele levava 2 horas e meia para sair de Embu das Artes e chegar ao colégio, na zona sul de São Paulo. Mas afirma que o cansaço do deslocamento se justificava. “Mudar de escola foi um salto. Eu era bom na escola pública, mas descobri que isso não era suficiente para ser aprovado na particular”, diz. “Passei a ter ajuda dos meus amigos, aulas boas, laboratórios, Datashow na sala – coisa que não existia no ensino público”, completa.

André aproveitou para desenvolver atividades optativas no colégio. Dentre elas, escolheu fazer uma pesquisa sobre como o aquecimento global poderia interferir na incidência da dengue em Embu das Artes, sua cidade. “Com o apoio da minha professora de biologia, dei uma palestra em Embu sobre meu estudo. E fui para Yale falar a 500 pessoas sobre o assunto”, conta.

Sua visita a Yale fez parte do Programa Young Yale Global Scholars, realizado no meio de 2016. André pôde conhecer outros pesquisadores e explorar a universidade. “Me apaixonei, porque além de tudo, incentivam as artes. Eu toco violino, aprendi sozinho, e canto na igreja. Gostei muito de ver que a universidade tem espaços para música, teatro e museus lá dentro. Se encaixa ao meu perfil”, diz.

Saber que foi aprovado justamente em Yale para fazer a graduação foi motivo de alegria para André. Ele ainda terá tempo para escolher a carreira que quer seguir, já que a universidade americana oferece primeiramente matérias básicas de todos os assuntos.

“Estou me preparando há três anos e faço parte de uma família de baixa renda, que vive em uma comunidade de cidade pequena”, afirma. “Pessoal fica receoso de me deixar ir sozinho para fora do país, mas minha mãe sempre me apoiou. Vai ser uma mistura de chororô e alegria”, diz.

Notícia publicada no Portal G1, em 26 de dezembro de 2016.


Claudia Sampaio* comenta

Narrativas como esta, que vêm crescendo, mas, infelizmente, lentamente, são prazerosas de serem lidas. Verificar que as oportunidades de estudo estão sendo disponibilizadas para jovens, filhos de “Marias e Josés”, e que, melhor ainda, estes as reconhecem e as aproveitam, é um acalento para aqueles que acreditam que a Educação é a base de um povo justo e fraterno.

Importantíssimo e imprescindível aqui é a valorização do esforço desses jovens e de seus familiares. São guerreiros e vencedores!

No entanto, notícias como: “Um filho de vendedor e diarista estudante da Yale. Filho de costureira passa em 8 Universidades e vai estudar na Europa. Estudante de escola pública passou em quatro faculdades de medicina. Filha de dona de casa superou dificuldades financeiras e realizou sonho” não fazem parte do conhecimento da maioria das pessoas, fazendo com que estas se limitem à escassez de recursos que lhes são disponibilizados.

É certo que programas de incentivo ao estudo, disponibilizados pela Educação Pública e Particular, promovem a oportunidade para jovens que têm como sonhos realizarem seus objetivos. No entanto, resultados do PISA – Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes, cuja prova é coordenada aqui no Brasil pelo INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, retratam que a Educação Brasileira está longe de ser igualitária, justa e qualitativa.

É inquestionável que a evolução de uma sociedade depende da evolução individual de cada um; enquanto prevalecerem sentimentos de egoísmo, vaidade e orgulho, as dificuldades serão constantes no planeta Terra. Esclarecendo este ponto, a Doutrina Espírita nos ensina que o homem evolui, gradativa e pessoalmente, caminhando da inconsciência para a consciência das coisas, aprofundando-se no significado das Leis Universais que regem a Vida.

Por isso que jovens como André Garcia, Elias Oliveira Romualdo da Silva, Wester Silva Vieira, Tabata Amaral de Pontes, dentre outros não citados, que se tornaram autores da própria história perante a sociedade, fazem-nos questionar por que algumas pessoas aproveitam as oportunidades, enquanto outras deixam passar sem se moverem, ou sequer, perceberem?

Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec já nos esclarece bem essa demanda na questão 639: “As condições de existência do homem mudam segundo as épocas e os lugares, e disso resultam para ele necessidades diferentes e condições sociais correspondentes a essas necessidades.” Assim, as oportunidades são individuais e o que fazer com estas, também são particulares. O grau evolutivo de cada um tem uma coerência intrínseca; nele, os erros e acertos são naturais e promovem a evolução. É notório que os mais maduros demonstram um domínio maior de si e uma superior visão da vida, não ficando tão à mercê das circunstancias.

Afinal o quê na vida não é ponto de ação? Escolher sentar-se no meio fio e lamentar que não nasceu no cobiçado ”Berço de Ouro” ou ir à luta, ultrapassando às adversidades e agradecendo às chances de evolução moral e espiritual, é só questão de escolha. Acreditar em si mesmo e aproveitar as oportunidades que a vida oferece são fatores de avanço para quem se permite sonhar e evoluir.


Fontes de pesquisa:







* Claudia Sampaio é espírita e colaboradora do Espiritismo.net.

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