--------------------------------------------------------
EESE– Cap. XVII – Itens 8 e 9
Tema: A virtude
Os superiores e os inferiores
--------------------------------------------------------
EESE– Cap. XVII – Itens 8 e 9
Tema: A virtude
Os superiores e os inferiores
--------------------------------------------------------
A - Texto
de Apoio:
A virtude
8. A
virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que
constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, são
qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, quase sempre as acompanham pequenas
enfermidades morais que as desornam e atenuam. Não é virtuoso aquele que faz
ostentação da sua virtude, pois que lhe falta a qualidade principal: a
modéstia, e tem o vício que mais se lhe opõe: o orgulho. A virtude,
verdadeiramente digna desse nome, não gosta de estadear-se. Adivinham-na; ela,
porém, se oculta na obscuridade e foge à admiração das massas. S. Vicente de
Paulo era virtuoso; eram virtuosos o digno Cura d'Ars e muitos outros quase
desconhecidos do mundo, mas conhecidos de Deus. Todos esses homens de bem ignoravam
que fossem virtuosos; deixavam-se ir ao sabor de suas santas inspirações e
praticavam o bem com desinteresse completo e inteiro esquecimento de si mesmos.
À virtude
assim compreendida e praticada é que vos convido, meus filhos; a essa virtude
verdadeiramente cristã e verdadeiramente espírita é que vos concito a
consagrar-vos. Afastai, porém, de vossos corações tudo o que seja orgulho,
vaidade, amor-próprio, que sempre desadornam as mais belas qualidades. Não
imiteis o homem que se apresenta como modelo e trombeteia, ele próprio, suas
qualidades a todos os ouvidos complacentes. A virtude que assim se ostenta
esconde muitas vezes uma imensidade de pequenas torpezas e de odiosas
covardias.
Em
princípio, o homem que se exalça, que ergue uma estátua à sua própria virtude,
anula, por esse simples fato, todo mérito real que possa ter. Entretanto, que
direi daquele cujo único valor consiste em parecer o que não é? Admito de
boamente que o homem que pratica o bem experimenta uma satisfação íntima em seu
coração; mas, desde que tal satisfação se exteriorize, para colher elogios,
degenera em amor-próprio.
O vós todos
a quem a fé espírita aqueceu com seus raios, e que sabeis quão longe da
perfeição está o homem, jamais esbarreis em semelhante escolho. A virtude é uma
graça que desejo a todos os espíritas sinceros. Contudo, dir-lhes-ei: Mais vale
pouca virtude com modéstia, do que muita com orgulho. Pelo orgulho é que as
humanidades sucessivamente se hão perdido; pela humildade é que um dia elas se
hão de redimir. François-Nicolas-Madeleine. (Paris, 1863.)
9. A
autoridade, tanto quanto a riqueza, é uma delegação de que terá de prestar
contas aquele que se ache dela investido. Não julgueis que lhe seja ela
conferida para lhe proporcionar o vão prazer de mandar; nem, conforme o supõe a
maioria dos potentados da Terra, como um direito, uma propriedade. Deus, aliás,
lhes prova constantemente que não é nem uma nem outra coisa, pois que deles a
retira quando lhe apraz. Se fosse um privilégio inerente às suas
personalidades, seria inalienável. A ninguém cabe dizer que uma coisa lhe
pertence, quando lhe pode ser tirada sem seu consentimento. Deus confere a
autoridade a título de missão, ou de prova, quando o entende, e a retira quando
julga conveniente.
Quem quer
que seja depositário de autoridade, seja qual for a sua extensão, desde a do
senhor sobre o seu servo, até a do soberano sobre o seu povo, não deve olvidar
que tem almas a seu cargo; que responderá pela boa ou má diretriz que dê aos
seus subordinados e que sobre ele recairão as faltas que estes cometam, os
vícios a que sejam arrastados em consequência dessa diretriz ou dos maus
exemplos, do mesmo modo que colherá os frutos da solicitude que empregar para
os conduzir ao bem. Todo homem tem na Terra uma missão, grande ou pequena;
qualquer que ela seja, sempre lhe é dada para o bem; falseá-la em seu princípio
é, pois, falir ao seu desempenho.
Assim como
pergunta ao rico: "Que fizeste da riqueza que nas tuas mãos devera ser um
manancial a espalhar a fecundidade ao teu derredor", também Deus inquirirá
daquele que disponha de alguma autoridade: "Que uso fizeste dessa
autoridade? Que males evitaste? Que progresso facultaste? Se te dei
subordinados, não foi para que os fizesses escravos da tua vontade, nem
instrumentos dóceis aos teus caprichos ou à tua cupidez; fiz-te forte e
confiei-te os que eram fracos, para que os amparasses e ajudasses a subir ao
meu seio."
O superior,
que se ache compenetrado das palavras do Cristo, a nenhum despreza dos que lhe
estejam submetidos, porque sabe que as distinções sociais não prevalecem às
vistas de Deus. Ensina-lhe o Espiritismo que, se eles hoje lhe obedecem, talvez
já lhe tenham dado ordens, ou poderão dar-lhes mais tarde, e que ele então será
tratado conforme os haja tratado, quando sobre eles exercia autoridade.
Mas, se o
superior tem deveres a cumprir, o inferior, de seu lado, também os tem e não
menos sagrados. Se for espírita, sua consciência ainda mais imperiosamente lhe
dirá que não pode considerar-se dispensado de cumpri-los, nem mesmo quando o
seu chefe deixe de dar cumprimento aos que lhe correm, porquanto sabe muito bem
não ser lícito retribuir o mal com o mal e que as faltas de uns não justificam
as de outrem. Se a sua posição lhe acarreta sofrimentos, reconhecerá que sem
dúvida os mereceu, porque, provavelmente, abusou outrora da autoridade que
tinha, cabendo-lhe, portanto, experimentar a seu turno o que fizera sofressem
os outros. Se se vê forçado a suportar essa posição, por não encontrar outra
melhor, o Espiritismo lhe ensina a resignar-se, como constituindo isso uma
prova para a sua humildade, necessária ao seu adiantamento. Sua crença lhe
orienta a conduta e o induz a proceder como quereria que seus subordinados
procedessem para com ele, caso fosse o chefe. Por isso mesmo, mais escrupuloso
se mostra no cumprimento de suas obrigações, pois compreende que toda
negligência no trabalho que lhe está determinado redunda em prejuízo para
aquele que o remunera e a quem deve ele o seu tempo e os seus esforços. Numa
palavra: solicita-o o sentimento do dever, oriundo da sua fé, e a certeza de
que todo afastamento do caminho reto implica uma dívida que, cedo ou tarde,
terá de pagar. - François-Nicolas-Madeleine, Cardeal Morlot.
(Paris, 1863.)
B -
Questões para estudo e diálogo virtual:
1 - Como
podemos definir a virtude?
2 - Cite
algumas das qualidades do homem virtuoso.
3 - Qual a
maneira correta de exercermos a autoridade de que somos detentores?
4 - Extraia
do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.
Nenhum comentário:
Postar um comentário