quinta-feira, 9 de março de 2017

Editorial O Clarim 01/2017 - A força na fraqueza

A força na fraqueza
Editorial

Redação
oclarim@oclarim.com.br
01/01/2017
Lemos e ouvimos constantemente, seja na imprensa espírita ou nos grupos de estudo de cada instituição, que as barreiras encontradas em nossa jornada são mecanismos divinos para impulsionar a evolução moral e intelectual de cada indivíduo. A vida é um suceder de provas e expiações que objetivam testar o nosso aprendizado e nos pôr frente a frente com nossos medos e tendências mais obscuros.

        Dessa forma, não são raros os momentos em que não conseguimos vislumbrar saídas viáveis para as dificuldades do dia a dia. Ainda debilitados em nossa fé, encontramo-nos perdidos e desconfiados dos caminhos pelos quais necessitamos percorrer, como se fôssemos injustiçados e não tivéssemos reconhecidos nossos “grandes méritos” – em nossa visão ainda superficial da Providência Divina.

Inspirados, pois, por estas questões, encontramos na Revista Espírita de janeiro de 1865 valioso texto assinado por Fénelon – o terceiro do item “Instruções do Espíritos (Sociedade Espírita de Antuérpia) – que traz luz para viabilizar o nosso entendimento.

“O homem só é bastante forte quando sente a sua fraqueza; tudo pode empreender sob o olhar de Deus. Sua força moral cresce em razão de sua confiança, porque sente necessidade de dirigir-se ao Criador para pôr sua fraqueza ao abrigo das quedas a que a imperfeição humana o pode arrastar. Aquele que põe sua vontade na de Deus pode enfrentar impunemente o Espírito do mal, sem se julgar temerário. Se o Ser Supremo permite a luta entre o anjo e o demônio, é para dar à criatura oportunidade para triunfar e sacrificar-se nos combates.”

O instrutor confirma nossa introdução em suas palavras inaugurais ao afirmar que por vezes nos sentimos temerários e sem confiança para enfrentar os males que se nos apresentam. A crença nos desígnios de Deus, no entanto, é força reabilitadora para o enfrentamento de qualquer combate, visando sempre ao nosso aprimoramento. Prossegue Fénelon:

“(...) em sua cegueira, o homem julga-se poderoso por si mesmo e, deixando de recorrer a Deus, cai no abismo cavado pelo amor-próprio. Coragem, pois, porquanto, por mais forte que seja o Espírito que barra o caminho, apoiado na cruz nada tendes a temer; ao contrário, tereis tudo a ganhar para a vossa alma, que crescerá sob o raio divino da fé. Deixai-vos conduzir através das tempestades e chegareis ao termo de vossa marcha, onde Jesus vos espera.”

O conhecimento espírita orienta que encontramos aqueles desafios que estamos preparados para enfrentar. Nunca ultrapassarão nossa capacidade, pois Deus é justo e compreende nosso estágio. Precisamos, pois, “baixar a bola” e não nos julgarmos autossuficientes, já que nenhum homem vive isoladamente, necessitando do convívio social e da comunicação constante com o Criador para compreender suas próprias misérias. Conclui o instrutor: “Todo homem necessita de conselhos. Infeliz aquele que se julga bastante forte por suas próprias luzes, porque terá numerosas decepções.”


Cada novo ano representa um recomeço. Que este recomeço represente algo além de expectativa e nos traga reais mudanças, comprometimento e união. Feliz Ano Novo!

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