O
lado oculto
De
que vale glorificar o nome de Deus, se não correspondermos em atitudes as
nossas palavras?
Walkiria
Lúcia de Araújo Cavalcante
walkiria.wlac@yahoo.com.br
01/01/2017
walkiria.wlac@yahoo.com.br
01/01/2017
“Num
plano onde campeiam tantas glórias fáceis, a do cristão é mais profunda, mais
difícil. A vitória do seguidor de Jesus é quase sempre no lado inverso dos
triunfos mundanos. É o lado oculto. Raros conseguem vê-lo com olhos
mortais.”[1] A adoração não se constitui de uma prática de genuflexão física. É
a alma que se coloca de joelhos no altar da vida e reverencia a figura de Deus
através do amor emanado dos corações ao próximo. De que vale glorificar o nome
de Deus, se não correspondermos em atitudes as nossas palavras? Não existem
barganhas com a Divindade. Não existe barganha com a Lei Divina. Num mundo onde
as glórias passageiras são cada vez mais exaltadas, quando procuramos nos
identificar com a moral do Cristo acabamos por vivenciar uma contramão com a
prática social vigente. O Mestre nos apresenta uma proposta de mudança e nos
mostra o Reino de Deus, afirmando que poderemos conquistá-lo desde já, através
da conquista de si mesmo: lá o maior será o que se fizer menor. Não busquemos o
primeiro lugar. Ensina-nos que o mais importante não é ser reconhecido pelos
que estão ao nosso redor, mas que deveremos ter a aprovação da nossa
consciência.
Vivemos
buscando a aceitação do mundo, mas não buscamos a ratificação de nós mesmos.
Vejamos a questão 850 de O Livro dos Espíritos:
“A posição social não constitui às vezes, para o homem, obstáculo à inteira liberdade de seus atos? É fora de dúvida que o mundo tem suas exigências, Deus é justo e tudo leva em conta. Deixa-vos, entretanto, a responsabilidade de nenhum esforço empregardes para vencer os obstáculos.”
“A posição social não constitui às vezes, para o homem, obstáculo à inteira liberdade de seus atos? É fora de dúvida que o mundo tem suas exigências, Deus é justo e tudo leva em conta. Deixa-vos, entretanto, a responsabilidade de nenhum esforço empregardes para vencer os obstáculos.”
Quanto
maior a responsabilidade dos nossos atos, maior serão as consequências deles.
Nosso compromisso é com a Lei, respeitando as convenções sociais, mas nunca
fugindo do compromisso assumido com a nossa consciência.
Quando
nos dizemos cristãos, explicitamente estamos afirmando que seguimos o Cristo.
Seguimos o Cristo em toda a sua expressão. Não podemos seguir somente numa
parte ou quando nos convêm. Precisamos segui-Lo sempre. Isto não significa
dizer que conseguiremos sempre, pois ainda não estamos no mesmo grau evolutivo
do Mestre, mas precisamos perseverar, sempre.
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua
transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações
más”[2].
Além
disso, possuímos uma nuvem de testemunhas. Precisamos observar nossos atos e
verificarmos qual a nuvem de testemunhas que estão nos acompanhando. Por mais
que existam criaturas que tentem e até consigam fraudar as reais intenções com
relação à prática espírita, não conseguem enganar a si nem aqueles que se
associam mentalmente a eles por todo o tempo nem o tempo todo.
O
livro Tormentos da Obsessão, psicografia de Divaldo P. Franco pelo espírito
Manoel P. de Miranda, conta a história do Sanatório Esperança, instituição
criada para abrigar médiuns, doutrinadores, palestrantes, enfim, trabalhadores
espíritas em geral que faliram nos trabalhos abraçados. Trata-se de leitura que
deveria ser obrigatória a todos nós.
Sabemos
que por vezes a caminhada torna-se difícil e gostaríamos de voar por cima dos
nossos problemas, mas não podemos, voaremos através da prática do bem.
Colocando-nos no lugar do outro, saímos de nós mesmos e “planamos” sobre eles.
Saindo de nós mesmos cuidamos da dor do outro enquanto mãos amorosas cuidam das
nossas dores. Todos estamos interligados na Obra da Criação.
O
agricultor plantou a semente de um pé de rosa. Ele não sabia se seria amarela,
vermelha ou branca. Mas sabia que seria rosa. Um dia, de tanto ele aguar e
adubar, a semente germinou, cresceu e deu muitas rosas. Para seu espanto
nasceram das três cores. Seu perfume encantava ao agricultor e aos seus
vizinhos. Todos gostavam do que sentiam. Quiseram levar as rosas para casa, mas
esqueceram-se dos espinhos. Alguns, no primeiro machucão, desistiram de ter as
rosas. Outros foram mais persistentes, desistindo logo mais. Outros, por fim,
compreenderam que a grande beleza da rosa constitui-se em ser perfeita com seus
espinhos.
Na
humanidade o grande agricultor é Deus que nos concebe a possibilidade de
reencarnarmos com as mais diversas características: boas e más. As primeiras
constituindo-se no amor adquirido e constituído em nós. As segundas são os
desvios do caminho que solicitam realinhamento. Não somos perfeitos neste
estágio evolutivo que nos encontramos. Ainda não somos somente pétalas,
exalando só perfume; nem também o somos só espinhos, machucando as pessoas.
Assim é a vida. Assim somos todos nós. Exalamos o que somos e os que estão ao
nosso lado hora terão o perfume, ora terão os espinhos. Mas em tudo fazemos
parte da criação.
Estar
encarnado constitui-se uma bênção. Não uma bênção sem méritos, mas uma
consequência exata do Amor Misericordioso do Pai, que nos permite uma nova
oportunidade a cada raiar do dia, a cada amanhecer, quando abrimos os olhos e
vemos uma gama de oportunidades que nasce junto com o dia, no qual
encontraremos outras rosas e juntos formaremos o grande roseiral da criação
divina.
1. XAVIER, Francisco
Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo espírito Emmanuel. Cap. 119 – Glória
Cristã.
2. KARDEC, Allan. O
Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XVII, item 4.
(fonte:
RIE janeiro/17)
Nenhum comentário:
Postar um comentário