Livre-arbítrio
e presciência divina
(Revista
Espírita, outubro de 1863 - Dissertações espíritas).
Há uma
grande lei que domina tudo no Universo: a lei do progresso. É em virtude dessa
lei que o homem, criatura essencialmente imperfeita, deve, como tudo quanto
existe em nosso globo, percorrer todas as fases que o separam da perfeição. Sem
dúvida Deus sabe quanto tempo cada um levará para chegar ao fim. Porém, como
todo progresso deve resultar de um esforço tentado para realizá-lo, não haveria
nenhum mérito se o homem não tivesse a liberdade de tomar este ou aquele
caminho. Com efeito, o verdadeiro mérito não pode resultar senão de um trabalho
operado pelo Espírito para vencer uma resistência mais ou menos considerável.
Como cada
um ignora o número de existências que consagrou ao seu adiantamento moral,
ninguém pode prejulgar nesta grande questão e é-sobretudo- aí que brilha, de
maneira admirável, a infinita bondade de nosso Pai Celeste que, ao lado do
livre-arbítrio que nos conferiu, semeou em nosso caminho marcos indicadores que
iluminam os desvios. É, pois, por um resto de predomínio da matéria que muitos
homens se obstinam em ficar surdos às advertências que lhes chegam de todos os
lados, e preferem gastar em prazeres enganadores e efêmeros uma vida que lhe
havia sido concedida para o avanço de seu Espírito.
Não se
poderia afirmar sem blasfêmia que Deus tenha querido a infelicidade de suas
criaturas, pois os infelizes expiam sempre, tanto uma vida anterior mal
empregada quanto sua recusa a seguir o bom caminho, quando este lhe era
mostrado claramente.
Assim,
depende de cada um abreviar a prova que deve sofrer. Por isso, guias seguros
bastante numerosos lhe são concedidos para que seja inteiramente responsável
por sua recusa de seguir seus conselhos, e ainda, neste caso, existe um meio
certo de abrandar uma punição merecida, dando sinais de sincero arrependimento
e recorrendo à prece, que jamais deixa de ser atendida, quando feita com
fervor. O livre-arbítrio existe, pois, efetivamente, no homem, mas com um guia:
a consciência.
Vós todos
que tendes acesso ao grande foco da nova ciência, não negligencieis de vos
penetrar das eloquentes verdades que ela vos revela, e dos admiráveis
princípios que são a sua consequência. Segui-os fielmente, pois é aí,
sobretudo, que brilha o vosso livre-arbítrio.
Pensai,
por um lado, nas consequências fatais que para vós arrastaria a recusa de
seguir o bom caminho, como nas magníficas recompensas que vos aguardam caso
obedeçais às instruções dos bons Espíritos. É aí que brilhará, por sua vez, a
presciência divina.
Em vão se
esforçam os homens em busca da verdade por todos os meios que julgam ter na
Ciência. Esta verdade, que lhes parece escapar, segue sempre ao seu lado, e os
cegos não a percebem.
Espíritos
sábios de todos os países, aos quais é dado levantar uma ponta do véu, não
negligencieis os meios que vos são oferecidos pela Providência! Provocai nossas
manifestações; fazei que delas aproveitem todos os vossos irmãos menos bem
aquinhoados que vós; inculcai em todos os preceitos que vos chegam do mundo
espírita, e tereis bem merecido, porque tereis contribuído em larga parte para
a realização dos desígnios da Providência.
ESPÍRITO
FAMILIAR
Enviado por: "Gonzaga"
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