segunda-feira, 21 de agosto de 2017

REVISTA ESPIRITA - março 1864 - Sobre a não-perfeição dos seres criados.

REVISTA ESPIRITA
JORNAL
DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS
7 a ANO NO. 3 MARÇO 1864

Sobre a não-perfeição dos seres criados.
(Sociedade Espírita de Paris, 5 de fevereiro de 1864. - Médium, Sr. d'Ambel.)
Por que Deus não criou todos os seres perfeitos? Em virtude mesmo da lei do progresso. É fácil compreender a economia desta lei. Aquele que caminha está no movimento, quer dizer, na lei da atividade humana; aquele que não progride, que se acha por essência estacionário, incontestavelmente, não pertence à gradação ou hierarquia humanitária. Eu me explico, e compreendereis facilmente o meu raciocínio. O homem que nasce numa posição mais ou menos elevada encontra em sua situação ativa um estado de ser dado; pois bem! é certo que se toda sua vida inteira escoasse nessa condição de ser, sem que tivesse trazido modificações por seu feito ou pelo feito de outrem, ele declararia que sua existência é monótona, aborrecida, cansativa, insuportável, em uma palavra; acrescento que teria perfeitamente razão, tendo em vista que o bem não é bem senão relativamente àquilo que lhe é inferior. Isto é tão verdade, que, se colocardes o homem num paraíso terrestre, num paraíso onde não se progrida mais, ele achará, num tempo dado, a sua existência e essa morada um inferno impiedoso. Disso resulta, de maneira absoluta, que a lei imutável dos mundos é o progresso ou o movimento para a frente; quer dizer que todo Espírito que é criado está submetido inevitavelmente a essa grande e sublime lei da vida; conseqüentemente, tal é a própria lei humana.
Não existe senão um único ser perfeito, e não pode dele existir senão um único: Deus! Ora, pedir ao Ser supremo para criar os Espíritos perfeitos, isso seria pedir-lhe para criar alguma coisa semelhante e igual a ele. Emitir uma semelhante proposição, não é condená-la antecipadamente? Ó homens! por que sempre pedir a razão de ser de certas questões insolúveis ou acima do entendimento humano? Lembrai-vos sempre de que só Deus pode permanecer e viver em sua imobilidade gigantesca. Ele é o summum e o máximum de todas as coisas, o alfa e o ômega de toda a vida. Ah! crede-me, meus filhos, não procureis jamais levantar o véu que cobre esse grandioso mistério, que os maiores Espíritos da criação não abordam senão tremendo. Quanto a mim, humilde pioneiro da iniciação, tudo o que posso vos afirmar é que a imobilidade é um dos atributos de Deus ou do Criador, e que o homem e tudo o que é criado têm, como atributo, a mobilidade.
Compreendei se puderdes compreender, ou então esperai que seja chegada a hora de uma explicação mais inteligível, quer dizer, mais à altura de vosso entendimento.
Não trato senão desta parte da questão, tendo querido vos provar somente que não estava estranho à vossa discussão; sobre todo o resto refiro-me ao que foi dito, uma vez que todo o mundo me pareceu da mesma opinião. Dentro em pouco falarei de outros fatos que foram assinalados (os fatos de Poitiers).
ERASTO.

Enviado por: "Joel Silva"

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