quinta-feira, 5 de março de 2009

Anotações sobre o tema: Amor e paixão

TEMA: Amor e Paixão

Bibliografia :


Livros: LE (itens 907 a 912); A Gênese (Cap. III, 1 “O Bem e O Mal”); Viver sem drogas (Elisa Goulart, LD – Gráfica e editora); Adolescência e Vida (Divaldo P. Franco por Joanna de Angelis, LEAL)


Textos: A paixão... ah... a paixão...( Breno Henrique de Sousa, http://www.espiritismo.net/content,0,0,689,0,0.html); Amor e Paixão (Richard Simonetti, Livro: Rindo e Refletindo com Chico Xavier)



*Desenvolvimento:
*Incentivo Inicial: Amor e Paixão



A jovem pergunta:


– Chico, amor é sinônimo de paixão?



– Ah! minha filha, amor é comidinha fresca, roupa lavada e passada, mamadeira prontinha… Paixão é como o Joelma, pega fogo e acaba tudo!


Com a simplicidade e a jovialidade dos sábios, o médium estabelece diferenças fundamentais entre esses dois substantivos, equivocadamente tomados à conta de sinônimos.

A paixão situa-se nos domínios do instinto, busca apenas a auto-afirmação, o prazer a qualquer preço, sem preocupações além da hora presente.


Estribando-se no desejo de comunhão sexual, a paixão é fogo arrebatador, que obscurece a razão e leva ao desatino, deixando, depois, apenas cinzas, como aconteceu com o Edifício Joelma.

George Bernard Shaw, com a irreverência que o caracterizava, dizia:


Não há diferença entre um sábio e um tolo, quando estão apaixonados.
***

O apaixonado ama como quem aprecia um doce.


Deleita-se!

É saboroso! Satisfaz o paladar!


Por isso logo deixa de amar, atendendo a várias razões:


• Saciou-se.
• Enjoou.
• Deseja novos sabores.


A partir daí, há campo aberto para o adultério e a separação, sem que a pessoa tome consciência do mal que causa ao parceiro e, principalmente, à prole, quando há filhos.

Enquanto perdura a paixão, podem ocorrer problemas mais graves e comprometedores:



• Crimes.
Bárbaros assassinatos são cometidos por amantes que se sentem traídos e negligenciados ou que foram abandonados. Perdendo o domínio sobre o parceiro, tratam de eliminá-lo, como quem joga fora um doce que azedou.

• Maus tratos.
É característica masculina, própria de machistas incorrigíveis, sempre dispostos a agredir para impor sua vontade, com o que apenas conturbam a relação, matando a afetividade na parceira.

• Suicídio.
Uma das causas mais comuns dessa ação nefasta, que precipita o indivíduo em sofrimentos inenarráveis no Mundo Espiritual, é a paixão contrariada. O sentir-se traído, negligenciado, ou não correspondido.
**

O amor situa-se nos domínios do sentimento.

Sustenta-se numa regra básica: pensar no bem-estar do ser amado, com a consciência de que nossa felicidade está diretamente subordinada a esse empenho.



O amor que mais se aproxima desse ideal é o materno.


A mãe está disposta a todos os sacrifícios em favor do filho, porque o bem dele é o seu próprio bem.


É aquele “espelho em que se mira, admirada, luz que lhe põe nos olhos novo brilho”, conforme o poema famoso de Coelho Neto.


As uniões felizes, os casamentos que se estendem além da morte, ensejando reencontros felizes na Espiritualidade, são aqueles em que os cônjuges revelam maturidade suficiente para mudar de pessoa na conjugação do verbo de suas ações.


Da primeira do singular – eu, para a terceira – ele, permutando cuidados recíprocos, a se exprimirem em carinho e solicitude.


No livro Trovas do Outro Mundo, psicografado por Chico, o Espírito Marcelo Gama encerra o assunto:


De afeições anoto a soma
De todo ensino que há:
Paixão é o bem que se toma,
Amor é o bem que se dá.



**Desenvolvimento:



*Kardec, no capítulo “O Bem e o Mal “de A Gênese, nos esclarece sobre a função da paixão para o desenvolvimento humano. Segundo ele, as paixões são necessárias à sobrevivência humana, portanto são naturais e fazem parte do instinto de conservação.



*“É bem verdade que a paixão, assim como todos os sentimentos, tem uma fundamentação biológica. O corpo humano é um complexo concebido para manifestar as possibilidades do ser espiritual, assim como responde ao comando mecânico de nossa vontade, é preparado para responder emocionalmente de forma que os hormônios desencadeiam uma série de reações que conhecemos muito bem quando estamos com raiva, ou quando estamos apaixonados.” (questão LE 907)



* “a paixão só é destruidora para as almas inferiores porque as pessoas desequilibradas não conseguem ter domínio sobre a paixão e usufruir dela moderadamente. A paixão, assim como qualquer outra coisa, torna-se-lhes um fator de desequilíbrio.”



* “o desequilíbrio é uma criação do nosso ego e não está necessariamente no princípio que gera a paixão. A paixão é em princípio o deslumbramento, o interesse, o fascínio e a admiração. É uma sensação de sentir que algo ou alguém é especial e que há uma magia em torno deste algo ou alguém e esta magia nos mantém cativados e ligados a este ser ou objeto. Está relacionada com uma sensação de incompletude que impulsiona a humanidade ao progresso. Se o ser humano fosse completo e acabado ele não se apaixonaria por nada. É a incompletude que o faz buscar algo e/ou alguém que lhe dê alguma compensação emocional. É por isso que dizem os Espíritos que o princípio das paixões foi colocado no homem para o seu bem e a paixão o tem feito realizar grandes coisas em benefício do seu progresso:”



* “A paixão propriamente dita é a exageração de uma necessidade ou de um sentimento. Está no excesso e não na causa e este excesso se torna um mal, quando tem como conseqüência um mal qualquer.”



* “O que combatem os Espíritos é a situação em que a paixão fortalece nossa natureza animal e nos distancia da natureza espiritual. Quando a paixão é direcionada para um ideal nobre, para uma grande realização, ela é sempre positiva. O problema é que ela tem sido usada apenas para a realização de nossos interesses mesquinhos e egoístas.”



* “A paixão se metamorfoseará em amor quando existir uma relação equilibrada; a paixão sonha em transformar-se em amor porque é o amor que dá sentido à vida e é a razão e o alimento da própria vida.”



* “devemos manter controle sobre a paixão para que ela não nos domine e dê vazão às nossas psicoses, neste caso ela se tornará patológica. É o caso dos que se apaixonam todos os dias por uma pessoa diferente ou que perdem os limites da razão, da civilidade e até da legalidade para submeter o outro às suas fantasias.”



* “Eu queria propor uma reflexão aos defensores das máximas do primeiro parágrafo. Apenas quero refletir sobre o motivo real que os levaram a pensar assim. Muitos dos que dizem evitar ou fugir das paixões, no fundo fogem da vida e de vivenciar emoções sobre as quais não tem controle. São medrosos e tem baixa estima e baixa tolerância a frustração” “Acham que por evitarem as paixões evitarão também frustrações e sofrimentos. Vivem uma vida insípida e sem graça. Eles não desistiram apenas de se apaixonar por alguém, mas desistiram de se apaixonar pela vida.”



*” Como você vai aprender a “se sentir feliz” se você se priva de sentir qualquer coisa?”



* “Quando nos permitimos viver uma paixão, estamos nos permitindo sonhar e o sonho não te dá garantias de que se realizará; o sonho só te dá esperanças. Temos medo de ter esperanças e nos decepcionarmos e assim preferimos ser pessimistas”




* “O amor real é expressão de maturidade, de firmeza de caráter, de coerência, de consciência de responsabilidade, que trabalham em favor dos envolvidos no sentimento que energiza, enriquecendo de aspirações pelo bom, pelo belo, pela felicidade. Envolve-se em ternura e não agride, sempre disposto a ceder, desde que do ato resulte o bem-estar para o ser amado.”




* O amor produz encantamento e adorna a alma de beleza, vitalizando o corpo de hormônios específicos, porém oferecendo capacidade de sacrifícios inimagináveis.




* Não somente o amor na sua feição espiritual, mas também o maternal, o fraternal, o sexual, quando não tem por meta somente o relacionamento célere, mas sim, a convivência agradável e vitalizadora que se converte em razão da própria vida.



* A paixão é como labareda que arde, devora e se consome a si mesma pela falta de combustível. O amor é a doce presença da alegria, que envolve as criaturas em harmonias luarizantes e duradouras. Enquanto uma termina sem deixar saudades, o outro prossegue sem abrir lacunas, mesmo quando as circunstâncias não facultam a presença física. A primeira é arrebatadora e breve; o segundo é confortador e permanente.

* A paixão é a afeição do corpo que nos fala a citação de "O Livro dos Espíritos". A paixão é desejo, instinto, sensação. É a necessidade possessiva de algo, tornando secundário o que não seja a conquista do objetivo traçado. É como se duas metades finalmente se estivessem a encontrar. Juntas, essas metades sentem-se uma só e separadas parece que lhes falta o essencial. Quando alguém se apaixona é como se encontrasse tomado por uma ilusão, parecendo ter atingido o pico do Everest quando ainda está a iniciar a árdua escalada. Julga-se completo e inteiramente feliz, mesmo que tudo à sua volta esteja desfeito, não conseguindo perceber carências de qualquer espécie, nem necessidades de evolução ou aperfeiçoamento.



*Apaixonarmo-nos é uma experiência fantástica, mas tem um problema: Se a sensação e o prazer forem o seu único carburante e não for acompanhada de uma qualidade de sentimentos que a substancie, a paixão é efêmera e temporária! Isto é problemático porque muita gente é viciada em paixão e, não compreendendo este fato, vive constantemente à procura de alimentar a fantasia e a ilusão.

*Nós vivemos numa época que privilegia o simplismo. Tudo é bom se for simples, rápido e acessível. Neste contexto social, a paixão é ótima porque é fácil, fugaz e até descartável; Pelo contrário, o amor é péssimo pois é difícil, dá trabalho e exige comprometimento.


*A paixão é preguiçosa, não requer um esforço extraordinário. Mas sem esse mesmo esforço e dedicação não é possível vivenciar o verdadeiro amor, porque o amar é trabalhoso, exige vontade, compromisso e construção contínua. Amar alguém não significa a existência de sacrifícios de qualquer espécie. Quem faz sacrifícios não ama porque a existência do sacrifício implica a idéia de que é um ato que não desejamos fazer e apenas o fazemos contrariados. Uma mãe que passa meses num hospital a acompanhar o seu filho doente não está a fazer qualquer sacrifício, mas antes a amar com todo o seu Espírito. Dadas as circunstâncias, não existe outro lugar do mundo onde essa mulher preferisse estar. Ignora as suas necessidades e interesses, não por sacrifício, mas porque é essa a sua vontade. Quem, por vontade própria e por dedicação, decide exceder os seus limites por alguém, está a vivenciar verdadeiro amor. Não temos de amar, mas nós escolhemos amar. Amar é sermos capazes de, por alguém, darmos um pouco mais de nós, expandir a nossa alma. O verdadeiro amor nos casais românticos, manifesta-se: Pelo desejo de união; pelo apreço pela companhia; pelo respeito pela individualidade do seu parceiro; na vontade de, pelo outro, exceder os próprios limites; no trabalho conjunto pela sua evolução intelectual, moral e espiritual; e no desejo de transformar essa união num laço de afinidade para toda a eternidade.


(Anotações em estudo realizado na sala Espiritismo Net Jovem, no paltalk)

Nenhum comentário:

Postar um comentário