sexta-feira, 6 de março de 2009

Notícia: "A iniciação dos meninos"

O filme "O leitor" insinua que ter a primeira relação sexual com uma mulher madura pode acabar com a vida de um homem. Será?

Tive um amigo que aos 15 anos saía com uma mulher de mais de 30. O romance acontecia em Santos e nós morávamos em São Paulo. Achei que ele mentia até que conheci a moça, no baile de formatura. Baixinho e esquisito, o amigo teve a madrinha mais linda da festa: ombros largos, seios profundos, os cabelos castanhos chegavam aos ombros e seus olhos eram enormes, tristes. Tinha um filho pouco mais novo que o meu amigo. Era separada.

Lembrei dessa história ao assistir O Leitor, que deu o Oscar de melhor atriz a Kate Winslet. No filme, um garoto de 15 anos se envolve com uma mulher de 37. Ele é sensível, ela é bruta, fazem amor ardentemente e parecem felizes. Tudo acaba de forma repentina – e a tese do filme é que essa relação vai destruir a vida do garoto, causando nele reclusão emocional vitalícia. Vejam bem: antes de descobrir que a ex-amante era nazista, ele já tinha sido destruído por ela. Fui atrás do livro para entender melhor o personagem, mas o livro esclarece pouco. A mente de Michael, o garoto, continua um mistério para mim.

A última vez que vi meu amigo de adolescência ele tinha se convertido em quarentão alcoólatra com problemas de relacionamento. Casou-se pela primeira vez aos 18 anos, depois de engravidar a namorada. Separou-se logo depois, casou novamente, separou-se de novo. Sua última mulher de que tenho notícia pedia ajuda aos amigos para que o afastassem da bebida. Melancólico.

Será que uma coisa tem a ver com a outra, como no filme? Meu amigo fazia sexo com uma adulta problemática enquanto o resto de nós aprendia a beijar meninas de aparelho. É possível especular que a gravidez e o casamento precoces tenham sido consequências da intensidade daquela primeira relação amorosa. Suas expectativas eróticas e afetivas foram lançadas a um patamar que não tinha paralelo com o resto da sua vida, ou com o resto das pessoas ao seu redor. Alguém poderia dizer que meu amigo ficou só, como o Michael do filme.

Há uma longa tradição na literatura e no cinema de histórias de iniciação sexual entre mulheres maduras e meninos. Mário de Andrade escreveu sobre isso em Amar, Verbo Intransitivo. Um filme famoso com essa temática é Verão de 42. Recentemente, Cate Blanchett filmou Escândalo, com o mesmo enredo essencial. A novidade de O Leitor é que ele apresenta a velha situação sob uma nova ótica, pessimista e crítica. O que parece bonito e prazeroso é na verdade uma armadilha. É como se a correção política avançasse mais uma camada e decretasse que essa forma de iniciação sexual dos meninos está interditada, por danosa. Só uma nazista faria uma coisa dessas...

Instintivamente eu não gosto de nada disso. Me parece outro moralismo regulatório, mais um deles. Mas lembro do caso do meu amigo e hesito: será? Seus problemas de adulto teriam relação direta com aquela paixão que o enchia de orgulho e segurança? É possível, mas eu duvido. Conheci seu pai, conheci sua família, vivi com ele o ambiente da classe média de subúrbio. A mulher adulta com quem ele transava era um pedaço pequeno – talvez o melhor pedaço – de tudo aquilo. É fácil simplificar a vida dos outros e apontar um trauma devastador com efeito permanente. Dá um bom filme – como O Leitor – mas é provável que nada tenha a ver com a realidade.

Ivan Martins - Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI62332-15230,00-A+INICIACAO+DOS+MENINOS.html


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COMENTÁRIO:

Sob a ótica espírita, como vemos a relação entre um jovem e uma mulher mais velha que ele? Se olharmos apenas para a idade do corpo físico, continuaremos com a visão limitada, mas se recordarmos que somos todos espíritas, que existimos antes do nascimento do corpo e que existiremos após a sua decomposição.

São dois espíritos vivenciando experiências em comum, pode até o espírito do jovem ser mais velho que o da mulher. Tudo o que fazemos, todas as experiências que passamos nos influem emocional e espiritualmente, esta é uma lei geral. Porém dizer como será toda influência é que não é possível.

Cada espírito que reencarna na Terra, traz consigo uma bagagem de experiências e emoções que é única, somente ele a tem desta forma. Este espírito passando por uma nova situação, para compreendê-la, irá fazer uma interpretação com base na sua bagagem espiritual. Por este motivo, cada um tem uma interpretação única de um evento. Desta forma, ao ter a primeira relação com uma mulher mais velha, cada um terá expectativas diferentes e consequências distintas.

Nada ocorre ao acaso, e fatores que exercem grande influência em nossas vidas geralmente são provas, das quais escolhemos o gênero. As consequências que surgem não podem ser culpa da prova, mas são de como lidamos com esta situação. Vencendo ou falindo estaremos sempre agindo com o nosso livre arbítrio.

(Comentário por: Claudia Cardamone, psicóloga e espírita. É membro da Equipe Espiritismo.net, atuando nas áreas de atendimento fraterno e notícias.)

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