segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O Sono e o Sonho

O Sono e o Sonho 

Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito: 2.1. Sono; 2.2. Sonho. 3. Histórico. 4. O Sono e o Sonho: 4.1. O Sono para a Ciência; 4.2. O Sono para o Espiritismo; 4.3. O Sonho para a Psicanálise; 4.4. O Sonho para o Espiritismo. 5. Relato de Sonhos na Literatura Espírita: 5.1. Capítulo 38 de Os Mensageiros; 5.2. Capítulo 8 de Missionários da Luz; 5. 3. Capítulo 36 do Nosso Lar. 6. Administrando o Sono e o Sonho: 6.1. Doenças do Sono (Distúrbios); 6.2. Para Dormir Bem, Basta Amortecer o SAR; 6.3. Truque para nos Lembrarmos dos Sonhos; 6.4. Recomendações úteis. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
O sono e o sonho, embora tenham sido exaustivamente estudados pela Ciência, ainda não se chegou a uma definição. De ponto de vista físico não se sabe o que leva uma pessoa a adormecer. Ainda não foi descoberta nenhuma substância no sangue ou no cérebro criada ou revigorada durante aquele espaço de tempo. Que contribuição o Espiritismo pode oferecer à compreensão deste tema?
2. CONCEITO
2.1. SONO
Ciência - As células corticais apresentam dois tipos de atividade: o que equivale aos estados de excitação, caracterizado por grande despesa de energia, e o que se define como pensamento inibitório, destinado, basicamente, à reconstituição e reparação da célula. A generalização dos processos inibitórios responde pela instalação do sono (Enciclopédia Mirador)
Espiritismo - É um estado de emancipação parcial da alma, ocasião em se aguçam as nossas percepções. Evasão da alma da prisão do corpo. Desprendimento do Espírito no espaço, onde se encontra com outros Espíritos, antigos conhecidos. (Equipe da FEB, 1995)
2.2. SONHO
Ciência - Processo intenso que corresponde aos estados paradoxais do sono, isto é, àqueles momentos durante os quais os registros eletroencefalográficos se aproximam dos que se caracterizam o estado de vigília. Geralmente é a parte lembrada da sucessão de imagens ou idéias fantásticas e associações, apresentadas de maneira provavelmente contínua à mente durante o sono. (Enciclopédia Mirador)
Espiritismo - É a lembrança do que o Espírito viu durante o sono. Resultado da liberdade do Espírito durante o sono. Efeito da emancipação da alma, que mais independente se torna pela suspensão da vida ativa e de relação. (Equipe da FEB, 1995)
3. HISTÓRICO
O sono não apresenta grandes novidades ao longo da história. É o sonho que têm mais relevância; na antiguidade, as profecias e a mitologia dão-lhe guarida. Há diversos relatos bíblicos acerca do sonho: a proibição de Moisés de se consultar as pitonisas, supostas interpretadoras dos sonhos; a interpretação  do sonho do Faraó feita por José, em que fala das vacas magras e das vacas gordas. Na Idade Média, o sonho era tido como algo demoníaco, merecedor de fogueira àqueles que o interpretavam.
Distinguem-se, na história da psicologia dos sonhos, duas grandes fases: a) a anterior à publicação da Interpretação dos Sonhos de S. Freud, em 1900; b) a posterior à publicação desta obra. O critério delimitador é plenamente válido, pois foi com a Interpretação dos Sonhosque se introduziu o método de associação que tornou possível  o estudo interpretativo do conteúdo significativo do sonho. (Enciclopédia Mirador)
4. O SONO E O SONHO
4.1. O SONO PARA A CIÊNCIA
Difícil de se chegar a uma definição. A mosca dorme ou não dorme? E a ameba? Para o cérebro não precisaríamos descansar. Para o corpo físico não precisaríamos dormir para descansar. O mais importante é o ritmo.
Colocando-se eletrodos na cabeça, observou-se:
a) a pessoa acordada emite ondas curtas e rápidas.
b) a pessoa dormindo passa por cinco fases:
1.ª) ondas curtas e longas;
2.ª) ondas curtas e longas, distintas de 1;
3.ª) ondas curtas e longas, distintas de 2;
4.ª) ondas curtas e longas, distintas de 3;
5.ª) de repente as ondas passam a ser curtas e rápidas (igual às ondas da pessoaacordada).
Essas fases realizam-se em aproximadamente 90 minutos. Na 5.ª fase, ou seja, nos 20 minutos finais, surge o chamado sono REM, do inglês Rapid Eyes Moviment (Movimento Rápido dos Olhos) – momento em que se dão os sonhos.
4.2. O SONO PARA O ESPIRITISMO
Para o Espiritismo, o sono pode ser explicado através da pergunta 401 de O Livro dos Espíritos – Durante o sono a alma repousa como o corpo? Resposta dos Espíritos: Não, o Espírito jamais fica inativo. Durante o sono, os liames que o unem ao corpo se afrouxam e o corpo não necessita do Espírito. Então ele percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.
4.3. O SONHO PARA A PSICANÁLISE
Para Freud os sonhos são expressões disfarçadas de processos psíquicos inconscientes, profundos e extremamente significativos; revelações diretas, mas veladas, de desejos insatisfeitos. Acrescenta que, se os nossos conflitos não encontram solução, encerram-se no subconsciente e convertem-se em complexos. Uma censura, o superego, impede que regressem à consciência. No entanto, podem se manifestar em forma de sonhos, neuroses etc.    
Para Adler, no sonho, o inconsciente trabalha, combina e modela os dados provindos do plano consciente e que este já tenha olvidado. No sono a atividade psíquica passa-se fora da personalidade consciente; pode, pois, representar a realização de um desejo insatisfeito, a resolução de uma questão etc., servindo-se para isso dos elementos afetivos do inconsciente. (Edipe)
4.4. O SONHO PARA O ESPIRITISMO
Para o Espiritismo, o inconsciente freudiano é o subconsciente, definido pelo Espírito André Luis, como a sede dos hábitos e dos automatismos.
O sonho se constitui das experiências que o Espírito vive no sono.
Divide-se em:
a) sonho do subconsciente - É o pensamento ensimesmado sobre si mesmo; o reflexo daquilo que se vivenciou durante o dia. Exemplo: se, depois de assistirmos a um filme de terror, formos dormir, poderemos sonhar com algumas dessas imagens.
b) sonho real – É o pensamento entrando em contato com pessoas e coisas do mundo espiritual.
5. RELATO DE SONHOS NA LITERATURA ESPÍRITA
5.1. CAPÍTULO 38 DE OS MENSAGEIROS
O Espírito André Luiz, no capítulo 38 de Os Mensageiros, anota as observações do orientador espiritual a respeito das instruções que os Espíritos transmitem aos encarnados, quando estão desprendidos parcialmente do corpo (sonho). E, o que mais lhe causava estranheza, era o estado em que eles, aí, se apresentavam: a grande maioria sem entenderem o que se passava, poucos lúcidos “... revelando boa vontade na recepção dos conselhos, mas grande incapacidade de retenção”.
5.2. CAPÍTULO 8 DE MISSIONÁRIOS DA LUZ
O Espírito André Luiz, no capítulo 8 de os Missionários da Luz, esclarece-nos que durante o sono, o desprendimento não somente nos conduz aos locais de nossos interesses, no convívio de Espíritos afins, mas também a tarefas de estudo e esclarecimento. Fala-nos do Centro de Estudos para encarnados, com um número superior a trezentos associados; no entanto, apenas 32 conseguem romper as teias inferiores das mais baixas sensações fisiológicas, para assimilarem as lições dos benfeitores espirituais. 
5. 3. CAPÍTULO 36 DO NOSSO LAR
O Espírito André Luiz, no capítulo 36 do livro Nosso Lar, fala-nos do sonho dos desencarnados. O sonho, porém, não era propriamente qual se verifica na Terra. Ele diz: “Eu sabia, perfeitamente, que deixara o veículo inferior no apartamento das Câmaras de Retificação, em “Nosso Lar”, e tinha absoluta consciência daquela movimentação em plano diverso. Minhas noções de espaço e tempo eram exatas. A riqueza das emoções, por sua vez, afirmava-se cada vez mais intensa”.
6. ADMINISTRANDO O SONO E O SONHO
6.1. DOENÇAS DO SONO (DISTÚRBIOS)
1) Insônia - Dificuldade de realizar o sono. No início, no meio e no fim.
2) Hipersonolência – Dormir de pé
3) Doença do ciclo – O ciclo tem que fazer 24 horas. Alguns têm um ciclo de 26 horas.
6.2. PARA DORMIR BEM, BASTA AMORTECER O SAR
No centro do bulbo raquidiano e do mesencéfalo, encontra-se o sistema de ativação reticular (SAR), que envia constantes sinais ao córtex cerebral, mantendo-o desperto. Por sua vez, o SAR é estimulado por excitações externas e internas.
Se o Sar estiver adormecido nada chega à consciência, mesmo que existam sinais.
Uma pessoa acordada, que se deita com a cabeça cheia de pensamentos e de problemas por resolver, mantém-se em vigília, apesar da tranqüilidade que o cerca, pois os estímulos internos dificultam o trabalho do SAR.
Um dormitório silencioso e uma cama confortável são, igualmente, soníferos reconhecidamente eficazes.
6.3. TRUQUE PARA NOS LEMBRARMOS DOS SONHOS
- Colocar um despertador suave e que desperte depois de uma hora, momento em que estamos no sono REM.
- Ter à mão um caderno para anotações.
6.4. RECOMENDAÇÕES ÚTEIS
1) Leitura evangélica - Ao deitar, ler, em voz normal, o Evangelho Segundo o Espiritismo. Este hábito faz-nos ficar mais calmos e, acalma também, os Espíritos menos felizes que nos acompanham; aqueles que querem nos prejudicar durante o sono.
2) Evitar tensões graves no momento que antecede o sono.
3) Evitar comer em excesso. 
4) No caso de insônia, fazer algum exercício de educação física. 
7. CONCLUSÃO
Quando dormimos, encontramo-nos, momentaneamente, no estado que estaremos de maneira permanente depois da morte. Saibamos, pois, morrer todos os dias, preparando-nos eficazmente para receber as orientações dos nossos mentores espirituais.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CURTI, Rino. O Passe: Imposição de Mãos. São Paulo, Lake, 1985.
EDIPE - Enciclopédia Didática de Informação e Pesquisa Educacional. 3. ed., São Paulo, Iracema, 1987.
Enciclopédia Mirador Internacional. São Paulo, Encyclopaedia Britannica, 1987.
EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro, FEB, 1995.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.

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