domingo, 2 de abril de 2017

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - A029 – Cap. 11 – As agressões– Segunda Parte

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

 

A029 – Cap. 11 – As agressões– Segunda Parte

 
11 - As agressões

 

Contudo, experimentávamos certas sombras psíquicas investindo insistentes, constantes.

Convocados a uma reunião extraordinária, a palavra de Saturnino, sempre pronta e luminosa, veio em nosso socorro. Como tudo são lições e a aprendizagem tem maior valor quando o aluno é co-participante do ensinamento, nele atuando, o venerável Benfeitor nos admoestou bondosamente, conclamando-nos à «resistência contra o mal», do ensinamento evangélico, e corroborando a advertência anterior, de que as investidas da Organização logo se fariam sentir, conforme era de esperar. Levantássemos o espírito e marchássemos irmanados de maneira a nos sustentarmos uns nos outros, repetindo, ainda, cristianíssimo: «Onde quer que se encontrem duas ou três pessoas reunidas em meu Nome, eu com elas estarei», da inesquecível lição de São Mateus, no Capítulo 18, versículo 20. A oração em conjunto, a reunião de pensamentos, consegue a bênção da fraternidade e esta a do socorro recíproco. É muito fácil arrebentar-se uma vara isolada, mas não se pode fazer o mesmo a um feixe...

A família Soares, completou o amoroso Desencarnado, estava sendo convidada a novas aflições necessárias à própria evolução e a melhor entendimento das responsabilidades imortalistas. Sendo a dor a melhor forma de o homem entender as realidades da vida por enquanto, era bem certo que o sofrimento faria o seu mister.

Terminada a reunião, quando já nos recolhêramos ao lar, Petitinga chamou-nos ao telefone, convidando-nos a demandar o lar dos Soares, onde infeliz acontecimento transcorrera, e Dona Rosa, muito aflita, lhe solicitara urgente visita.

Quando chegamos à residência do Sr. Mateus Soares, encontramos os familiares tomados de superlativa amargura. Dona Rosa e a filha Amália haviam retornado do Hospital do Pronto Socorro, onde se encontrava internado o chefe do lar, que fora submetido a delicada cirurgia de emergência.

Dona Rosa, compreensivelmente aflita, esclareceu que recebera informação, de pessoa amiga, de que o Sr. Mateus fora levado à pressa para aquele nosocômio, nas primeiras horas da noite, como vítima de uma cena de sangue. Não possuía detalhes que esclarecessem a situação. O agressor, que fazia parte do grupo de amigos do descuidado genitor de Mariana, era frequentador habitual do local em que o esposo se demora noites a dentro, na desenfreada jogatina. O delegado de Polícia dali saíra havia poucos minutos e se fizera sucinto nos esclarecimentos.

Dissera haver prendido o antagonista, que se apresentava alcoolizado, e que ficaria retido até à abertura do necessário inquérito, enquanto o estado do Sr. Mateus, inspirando cuidados no Hospital, se definia.

Interrogado quanto às causas da agressão, o policial dissera que essas surgiram numa discussão de pequena monta, travada pelos dois, O Sr. Mateus acusara o adversário de estar jogando com cartas marcadas e utilizando de processos desonestos, o que dera início à acalorada discussão, que redundou no intempestivo e lamentável golpe de punhal, que o acusado aplicara certeiro, como se conduzido por mão poderosa que lhe acionasse as forças, considerando ser, também, um homem de quase 60 anos de idade. Isso dera razões ao delegado para fechar a casa que funcionava com “jogos de azar” proibidos pela Polícia. A sua visita ao lar dos Soares tinha o objetivo de colher dados que o pudessem ajudar com alguns antecedentes que aclarassem diversos ângulos da questão, tais como se era do conhecimento familiar alguma rixa antiga, de altercações anteriores...

Surpreendida dolorosamente pela quase tragédia que ainda poderia colimar com a desencarnação do Sr. Mateus, a nobre senhora se encontrava vencida por angustiante expectativa. Só no dia seguinte poderia visitar o esposo, agora em pós operatório.

Fora acalmada no Pronto Socorro, por gentil estudante de Medicina, interno, que acompanhara a cirurgia e lhe explicara das boas perspectivas do operado, que, embora de organização fisiológica já cansada, estava até o momento reagindo muito bem.

Recorria a Petitinga, rogando-lhe a inspiração e o auxílio, pois que, com a notícia que lhe chegara ao lar abruptamente, Mariana fora acometida de um choque nervoso cruel e, desde então, estava inquieta, olhar desvairado, com sintomas que lhe pareciam alarmantes. Todos se encontravam assustados com o acontecimento da agressão ao genitor e preocupados com o estado da jovem.

Conduzidos à peça em que se encontrava Mariana, bondosamente atendida por Amália, não tivemos dúvidas em verificar a presença de agressores espirituais interessados em criar pânico e perturbação na família aturdida.

O ambiente psíquico traduzia a intoxicação violenta por fluídos de baixo teor vibratório, o que nos dava a impressão de um local asfixiante, abrasador e constringente.

Muito sereno, Petitinga aproximou-se do leito em que a jovem se encontrava semidesfalecida, muito pálida, e, depois de alguns breves minutos de recolhimento profundo, tocou as têmporas da moça, chamando-a, paternal:

— Mariana, filha, desperte... Procure reagir a esse estado, que lhe pode ser de consequências maléficas...

Não pôde continuar. A jovem, como se fora acionada por invisível catapulta, ergueu-se de um salto e, transfigurada pela irrupção do fenômeno mediúnico, ficou de pé, em atitude desafiadora, desgrenhada, e avançou, ameaçadora, na direção do venerando servidor do Cristo, com os punhos cerrados. Por um momento, tivemos a antevisão de um desforço físico, inimaginável. Muito junto ao apóstolo espírita estacou e, atirando a cabeça para trás, estrugiu ruidosa e chocante gargalhada, em que revelava fúria e zombaria armazenadas, furiosamente libertadas.

Petitinga integérrimo, tranquilo, sem arredar-se do lugar, falou, bondoso:

— Louvado seja Nosso Senhor Jesus-Cristo! Seja bem-vindo, meu irmão. Este, como qualquer momento, é sempre precioso instante de buscar a paz. Eis-nos que aqui estamos para tal, para ajudá-lo no que nos esteja ao alcance...

— Ajudar-me? — revidou, colérico. — Não me parece que seja eu aquele que neste recinto necessita da ajuda, nestas circunstâncias. Os senhores, no entanto, creio, precisam de urgente socorro, isto sim!

— Engana-se, meu amigo. Estamos socorridos pela Divina Providência, socorro esse que constatamos graças à sua presença entre nós, presença esclarecedora, convincente, que nos traz o elo para entender os acontecimentos transcorridos nestas últimas horas, envolvendo a família que nos agasalha no seu Lar.

— Sim, sem dúvida — assentiu, furioso. — Aqui estamos obedecendo a ordens.

Trata-se de um desforço justo e esperado, não? Certamente que os senhores deveriam estar aguardando a resposta dos nossos Chefes à intromissão nefanda que realizaram em nossos programas. Ou acreditam que tudo continuaria a correr em águas de rios tranquilos? Não é da lei, que toda ação produz uma reação equivalente? Portanto, não há porque esperar outra coisa...

— Estamos perfeitamente esclarecidos — apostrofou Petitinga. — Ocorre, todavia, que a direção do ataque errou o alvo. Não somos nada, nós, as criaturas humanas. Espíritos em débito, caminhamos cansadamente pelos impositivos do ressarcimento difícil. Companheiros da dor, todos nós, somos herdeiros do Amor de Nosso Pai. Obedecendo às instruções que dimanam da Vida Abundante e que nos foram lecionadas por Jesus-Cristo, Ele deveria ser-lhes a meta e não nós outros, caminheiros sofridos como você próprio, marchando na busca dEle.

— Nada queremos com Ele — revidou, com estridente desafio, em que expressões vulgares traduziam o estado primitivo de realizações morais do contendor. — Nosso compromisso é com vocês e saberemos como revidar à altura a ousadia de que se revestem.

Insistimos, no entanto — voltou a expor o doutrinador valoroso —, em explicar, que nos encontramos sob o comando do Cristo e que, na impossibilidade de você se dirigir a Ele, mas chegando-se até nós, indiretamente avança na Sua direção. Conquanto as nossas limitações, problemas múltiplos e ausência de mérito, não estamos à margem dos auxílios da Espiritualidade Superior. Neste momento mesmo em que lhe falamos, já nos sentimos amparados suficientemente para interromper a entrevista de violência, porqüanto nobre Mensageiro do Senhor prontificou-se a assisti-lo e tranqüilizá-lo, encaminhando-o como do nosso desejo, a Jesus...

— Que petulância! — arremeteu, desassisado. —Assistir-me e tranquilizar-me. Melhor do que me encontro é impossível... Quanto aos senhores, sim, fazem-se necessários muitos auxílios para saírem da «enrascada» em que se envolveram. Tenham em mente que, representando a luz como pretendem, estamos dispostos à verificação...

— Mas a luz dimana do Alto — conviu, Petitinga porque tudo nos vem do Alto.

— É o que veremos desde já — explodiu, arrogante. — Na impossibilidade de no momento atingirmos esse Alto... ficaremos cá em baixo, e iremos derrubar os postes que sustentam as falsas lâmpadas, arrebentando-as, destruindo os vasos luminosos e fazendo que a escuridão retorne aos sítios em que ela imperava, gloriosa...

Falava com sarcasmo cruel, e sem dissimular a ira chasquinava cinicamente. Imperturbável, Petitinga, redargüiu:

— Lamento a sua situação: preferência da treva àluz, do erro à verdade, do engano à lucidez... Cada um, porém, tem o direito de viver e respirar o clima, contemplando a paisagem que melhor lhe apraz... Contudo, advertimo-lo quanto à presença do generoso Benfeitor paternal que lhe poderá ajudar com segurança.

Confie nele e deixe-se conduzir tranqüilamente. Jesus fará o resto.

— Não esqueçam, senhores — ameaçou —, isto são apenas os começos. A nossa vingança não terá limite. Estejam preparados para o revide pelas portas largas da agressão.

Gargalhando, infeliz, desligou-se da médium que, inexperiente nos processos sutis da psicofonia atormentada como aquela, por pouco não caiu, não fosse a vigilância de José Petitinga, sempre atento e calmo. Conduzida ao leito e assistida por passes calmantes, Mariana recobrou a razão e, sem compreender exatamente o que acontecera, com as idéias turbilhonadas, prorrompeu em choro lenificador.

Dona Rosa, crucificada por amarguras contínuas, envolveu a filha num abraço de ternura e acalmou-a com a emoção de que são possuidoras as mulheres cujas vidas as transformam em sacrários através da maternidade enobrecida. A jovem asserenou e dormiu nos braços envolventes da mãe devotada.

Perguntei a Petitinga se não seria necessária a aplicação de passes. Fitando a moça adormecida no seio materno, o bondoso e preclaro amigo, informou:

— Miranda, a maior transfusão de forças que se conhece é aquela que se faz através do amor. E a mais exuberante fonte de amor que vige na Terra se encontra no coração fervoroso de uma mãe afetuosa e cumpridora dos seus deveres. A menina Mariana dormirá tranqüilamente, mesmo porque a presença dos Mentores, que nos assistiram nesta casa, afastou já os comensais da perturbação e fomentadores da desordem. Estejamos confiantes.

Dona Rosa e Amália, sempre gentis, agradeceram comovidas e saímos. Petitinga prometeu retornar no dia imediato.

 

QUESTÕES PARA ESTUDO

 

1 – O que o obsessor quis dizer “Tenham em mente que, representando a luz como pretendem, estamos dispostos à verificação...”

2 – O que havia acontecido com o Sr. Mateus, pai de Mariana e marido de D. Rosa?

 
Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno

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