terça-feira, 16 de maio de 2017

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - A031 – Cap. 12 – Desobsessão e responsabilidade – Parte 2


Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A031 – Cap. 12 – Desobsessão e responsabilidade – Parte 2

 
ESTUDO

 

(...)

E reflexionando, com maior ênfase acrescentou:

Em todo problema de desobsessão há que con­siderar o espírito sofredor que provoca sofrimento e le­var em conta os recursos éticos do doutrinador, ao lado da sua conduta espírita, isto é, sua responsabilidade mo­ral. Conduta e responsabilidade, essas que são essenciais na tarefa de doutrinar, porqüanto a instrução que não se faz acompanhar do exemplo não possui a tô­nica da verdade. Sem dúvida, o mérito do próprio obsi­diado, as possibilidades que se lhe podem oferecer com o retorno da saúde, no sentido de libertar-se da obses­são, constituem também pontos favoráveis para desatar o enfermo das amarras com o delito passado, de cuja cobrança o desencarnado se faz infeliz intermediário. To­davia, nas atuais realizações dos Templos Espíritas que se transformam em Hospitais-Escolas na Terra para en­carnados e desencarnados, a densa população dos ali re­sidentes, do lado de cá, acompanha a lealdade do ensino quando incorporado ou não ao «modus vivendi» ou «mo­dus-operandi» dos médiuns, dos doutrinadores, dos dire­tores das Casas. Palavras belas e sonantes, conceitos elevados são de fácil aquisição em muitos lugares. A excelência, porém, de uma idéia, de uma convicção, da Religião se constata pelo número daqueles que foram modificados, que se transformaram e que se deram à sua realidade.

«Em todo processo de desobsessão não podemos des­considerar o concurso do tempo, que nos exige alta do­sagem de paciência e perseverança. Aqueles que se pro­põem a ajudar, compreendem a necessidade de criar condições para o desiderato. Assim, portanto, assumem consciente ou inconscientemente significativa responsa­bilidade espiritual com aqueles que se perturbam re­ciprocamente nos compromissos infelizes a que se ju­gulam. Logo surjam os primeiros resultados favoráveis da saúde, não podem nem devem os lidadores do socor­ro deixar à mercê da insegurança e da distonia psíquica em reequilíbrio os que antes estavam esmagados pelas forças dissolventes da perturbação. Despertando para a compreensão dos deveres novos e amplos, impõe-se-nos ajudá-los com carinho de pais ou mestres, ministrando-lhes demoradas lições de fé e instrução contínua, para a manutenção dos requisitos básicos da saúde interior, a fim de que lhes não ocorra uma reincidência mais danosa e mais grave, portanto, do que a anterior. Al­gumas das entidades afastadas dos seus comensais nem sempre se esclarecem de imediato, ou se conformam com a situação nova. Continuam acompanhando suas anti­gas vítimas e aguardando oportunidade... Por outro lado, diversos desencarnados responsáveis por obsessões soezes prosseguem requerendo carinhosa assistência, até que se lhes firmem os propósitos superiores e sintoni­zem com o auxílio dos seus Mentores. Qualquer tarefa de desobsessão, portanto, representa nobre e elevada responsabilidade para todos os que nela se envolvem, requerendo conhecimento doutrinário seguro e vivência cristalina evangélica. »

Compreendíamos, e confirmávamos que, sem dúvi­da, o Espiritismo é lição imortalista e que as nossas responsabilidades são, verdadeiramente, muito grandes. Longe, porém, nos encontrávamos de perceber as implicações transcendentais do ensino espírita no dia-a-dia da nossa jornada à frente dos irmãos desencarnados. Acompanhávamos, pois, as elucidações do Mentor, com vivo interesse e, porque não dizer, com algum assom­bro. Muito lógicos, os conceitos penetravam-nos fundo na alma.

Depois de breve intervalo, o irmão Glaucus con­tinuou:

Participando das reuniões caridosas de intercâm­bio com os sofredores desencarnados, o nosso amigo aprende a aquilatar o valor do amor, nas operações de toda ordem. Percebe a «não-violência» poderosa do amor, o resultado dos fluídos magnéticos manipulados pelos sentimentos dos que os orientam e, acima de tudo, a magia sublime da presença do Cristo Inconsumpto, pelos laços do intercâmbio através da oração. Tem cons­tatado nos serviços entre as duas Esferas da Vida o resultado da excelência da fraternidade e a eficiência dos métodos da caridade cristã. De apurado senso de observação e profunda acuidade mental, compreende que nos utilizamos das mesmas técnicas, algumas das quais lhe são familiares, usando as mesmas expressões de energia, aplicadas, porém, com finalidades amplas e diferentes das suas, abastecendo-nos nas Fontes Inexau­ríveis do Amor Divino. Diante dessas descobertas no­vas realizadas pelo seu espírito, ávido agora de paz ín­tima, modifica-se-lhe o panorama mental e altera-se-lhe a visão da realidade. Já experimenta a sede da liber­tação, embora reconheça a necessidade do tributo pe­sado do ressarcimento que os seus atos ora lhe impõem, com a urgência de que carece para sair do labirinto das paixões em que tem estado, em cujos sítios aspi­rava os miasmas do ódio, da alucinação, do desespero inominável.

«A consciência da verdade oferece ao ser consciên­cia lúcida, O erro já lhe não empana o raciocínio e o Espírito não mais se conforma com engodos nem aceita ilusões. Impõe-se a si mesmo o imposto do resgate como impositivo do próprio êxito. Sente que não merece felicidade desonesta e estatuída à base da astúciá, o que representaria impedimento à paz. »

Refletindo mais demoradamente, exteriorizando pela face do médium a nobreza de linhas da sua face e a harmonia do seu espírito em sublimação, o Sábio Ins­trutor concluiu:

Quando abrimos pequeno orifício num obstáculo que nos impede a visão, desdobra-se exuberante, além do impedimento, o campo largo dos acontecimentos. Pe­netrando-o com observação cuidadosa, descortinamos um quase horizonte sem fim, mais além... Assim são os nossos atos: produzem orifícios nas paredes das dificul­dades. Uma ação negativa, dirigida contra alguém, tal­vez não lhe produza danos imediatamente; aquele, no en­tanto, que foi nossa vítima, pode tomar o petardo e atirá-lo mais adiante, ferindo, desequilibrado, quantos se lhe encontrem ao alcance. Era já um enfermo, sim, esperando alguém que lhe desse o impulso para a prá­tica de desmandos inesperados. Ai, de nós, porém! É se­melhante à lição do escândalo: «Ai de quem o pratique»; conquanto necessário, não nos devemos tornar instrumento dele, conforme asseverou Jesus. Também assim atuam o gesto nobre, o pensamento elevado, a palavra edificante. Socorrendo este alguém que está à mercê da ignorância, ou sob a constrição do desespero, ou às por­tas da loucura, quanto produza ele de futuro em paz e alegria, cheio de esperança e ânimo, deve-o ao Senhor da Vida, certamente, e, também, àquele alguém que lhe ofertou o socorro recebido. Estará viajando o impulso da nossa doação através deste ou daquele. Uma agressão de qualquer natureza faz-se antecipar da vibração selvagem do ódio, da ira, da perversão que envolve o que lhe cai nas malhas, predispondo-o à reação compa­tível ao atentado que venha a experimentar. O plano do socorro e da caridade também exterioriza energia en­volvente que permeia o ser a quem objetiva, e quando o ato o alcança eis que ele já está investido da reserva favorável ao registro e aceitação da oferta de amor.

Mudando de acento, o Amigo Espiritual reportou-se à família Soares, elucidando que os processos de desob­sessão aos diversos membros do clã nos exigiriam ainda por algum tempo larga faixa de labor, de forma a doar­mos um auxílio mais eficiente.

—  Ante a aflição de alguém — fez-se explícito —, costumamos interrogar à cata de esclarecimentos. Pa­recem-nos injustos os sofrimentos de pessoas que se eno­brecem pelo trabalho e que alçam vôo às regiões do amor; apresentam-se-nos como indébitos ou severamente fortes os tributos de dor a que muitos são convocados, quando estão em renovação, na esfera de trabalhos edi­ficantes; Espíritos em santificação surgem-nos carrega­dos de contínuas provas e elas nos parecem demasia­das... Todos esses Espíritos, porém, rogaram a opor­tunidade do resgate no passado, quando se acreditavam capazes. Nem sempre, todavia, quando o solicitaram possuíam as necessárias resistências para produzi-los. Vindo as aflições somente agora, quando amam e ser­vem, produzem e ajudam, dispõem do largo patrimônio do amor e da resignação, do conhecimento e da espe­rança para diminuir-lhes o peso do fardo... A prova chega quando o aluno realizou o curso, ôbviamente, como consequência natural para a verificação da aprendizagem na seleção dos mais aptos e valorosos. Noutros casos, porém, a enfermidade e a dor são medidas preventivas impeditivas de danos maiores na economia do progresso. O próprio amor, após examinar os recursos e possibi­lidades de determinados pacientes da alma, aprofundan­do neles a observação demorada e comprovando-lhes o pouco aproveitamento das lições da reencarnação com os agravantes dos planos maléficos que acalentam, impos­sibilita-os de caírem em danos mais graves, comprome­timentos mais ásperos para eles mesmos, resolvendo que, por enquanto, para a melhora das suas aquisições, só a doença, o agravamento do seu estado, ensejando, desse modo, enquanto presos ao leito, tempo de meditar e transformar idéias, de buscar o pensamento divino e re­novar-se... Diante, pois, dos sofredores deste ou daquele jaez, não nos apressemos em revelações aventureiras quanto às suas causas, para não corrermos o perigo de errar. Em toda e qualquer situação valorizemos a bên­ção do resgate, a lição viva para aprendizagem valio­sa, e submetamo-nos, tranquilos, aos impositivos da Lei. Pacientes há, rebeldes de tal monta, que o melhor me­dicamento para a saúde deles é a continuação do sofrimento em que se encontram...

«Cientificados e esclarecidos, seguros de que tudo obedece a Planificação Superior, sejamos o irmão da ca­ridade, do amor, da compaixão, e envolvamos os sofredores que nos buscam nos tecidos da nossa prece e dos nossos sentimentos bons, ajudando e passando. A Lei a todos nos alcançará... Predisponhamo-nos pelo bem para o momento do nosso exame, na abençoada escola do progresso. »

Despedindo-se, o Amorável Benfeitor deixou-nos em esfera de paz e raciocínios preciosos, que nos capacita­riam a entender com segurança e em profundidade os acontecimentos futuros, bem como a logicar com valor em torno de ocorrências passadas, tranquilizando-nos com as revelações sobre a Divina Justiça e o Sublime Amor.

 

QUESTÕES PARA ESTUDO E DIÁLOGO VIRTUAL

 

1.    De acordo com o amigo espiritual Glaucus que condições são necessárias para uma desobsessão eficaz?
2.    Por que nem sempre é possível realizar uma desobsessão em um período curto de tempo?
3.    O que acontece quando o Espírito desperta para uma “consciência lúcida”?
4.    Por que não devemos nos apressar em “revelações aventureiras” sobre o sofrimento?

  

Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno

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