sábado, 28 de fevereiro de 2009

Notícia: Estudantes britânicos fundam Federação Nacional de Ateus

Depois da campanha nos ônibus para propagar a mensagem de que "Deus provavelmente não existe" e um convite para "aproveitar a vida", formou-se em Londres a Federação Nacional de Estudantes Ateus, Humanistas e Laicos.

A federação, conhecida pelas iniciais AHS, é apenas o mais recente movimento do tipo, surgido para fazer frente ao que os membros consideram uma deferência excessiva do público e das autoridades para com grupos religiosos.

Ao estabelecimento da AHS compareceu o biólogo Richard Dawkins, autor do livro Deus, Uma Ilusão, e que expressou o apoio da fundação que dirige aos estudantes que buscarem formar sociedades de ateus em suas universidades.

Citado pelo diário The Independent, Dawkins disse que "a universidade é o lugar onde as pessoas pensam, onde se valorizam as provas", e criticou os que consideram as manifestações públicas de ateísmo "uma ameaça e uma ofensa", enquanto que as manifestações públicas de religiosidade não são vistas da mesma forma.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,estudantes-britanicos-fundam-federacao-nacional-de-ateus,327587,0.htm

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COMENTÁRIO:

O facto de vivermos em liberdade e em sociedades democráticas, uma conquista que os nossos antepassados obtiveram à custa de enormes lutas e dificuldades, implica estarmos dispostos a aprender a conviver com a enorme diversidade de opiniões e estilos de vida que existem. Para isso necessitamos de aceitar a realidade tal e qual ela se apresenta, mesmo quando outras pessoas discordam e criticam as nossas crenças e ideais mais íntimos. Mesmo discordando delas, o respeito para com os direitos, opiniões e convicções alheias deverá ser sempre uma preocupação, seguindo o caminho que escolhemos e sentimos de forma tranquila e segura, expressando dessa forma o verdadeiro testemu­nho de tolerância. A intolerância perante as diferenças é um dos obstáculos que é premente superar para que possamos criar uma sociedade onde todos se sintam bem, independentemente da sua raça, orientação sexual, condição social, religião ou de serem crentes, ou não, em Deus. Para tal, precisamos ultrapassar os nossos melindres, a ideia de que Deus ou os assuntos religiosos estão acima de uma troca de argumentos racionais, é urgente deixar para trás a arrogância de pensar que somos donos da verdade e a noção que qualquer opinião divergente nesta área é um insulto grosseiro à nossa fé que urge rebater de qualquer forma.

Ninguém aprecia ser contrariado nas suas ideias, pois isso tem como consequência um esforço de revisão íntimo daquilo que sente e acredita, colocando em causa essas ideias se elas não estiverem assentes em princípios firmes e seguros. No entanto, precisamos compreender que viver em Deus não é acreditar simplesmente na Sua existência, mas sim apreciar e dar valor à vida, encantar-se pela sua incrível beleza e complexidade, agradecer e aproveitar da melhor forma esta enorme oportunidade que nos foi concedida, encontrando nesse facto um sentido para a nossa existência. Isso significa entender que o Universo de que fazemos parte e a própria Vida, não são uma conjugação e combinação casual de umas quaisquer partículas materiais, mas sim um processo dinâmico e progressivo, onde se trabalha a evolução da consciência e do Espírito imortal, e em que o esforço e dedicação individual e colectiva são fundamentais para podermos atingir níveis cada vez elevados de progresso cultural, moral e social, caminhando para níveis crescentes de felicidade individual e colectiva.
Há quem atravesse uma floresta inteira e não consiga ver mais do que lenha para a fogueira. Há também quem passe uma vida a estudar a complexidade e a organização sublime de um átomo, do corpo-humano ou do Universo e não consiga, ou não queira, distinguir mais do que a conjugação casual de partículas materiais. Richard Dawkins, célebre pelas suas perseguições intelectuais às ideias religiosas, afirma que a “Universidade é o lugar onde as pessoas pensam e se valorizam as provas”, mas esquece que, em alguns domínios científicos, as provas e os factos parece que não são suficientes, já que muitos daqueles que chamam a si próprios cientistas e investigadores, incapazes de admitir a sua falibilidade, possuem crenças, ideias e dogmas imutáveis que excluem à partida a possibilidade da existência de determinados conceitos. Como um exemplo, entre inúmeros que poderíamos citar, desta contradição ostensiva por parte de muitos cientistas, Sir William Crooks, prestigiado Químico e Físico Inglês do século XIX, céptico em relação aos fenómenos mediúnicos de Daniel Dunglas Home e Florence Cook e instado a investigá-los, compilou factos e evidências inquestionáveis, seguras e concretas da sua existência, e que não podiam ser explicados sem o auxílio de uma inteligência fora deste mundo físico. Escreve Sir William Crooks, no livro “Factos Espíritas”, sobre estes fenómenos: “Rejeitar a evidência dessas manifestações, equivale a rejeitar todo o testemunho, qualquer que ele seja, porque não há facto na história sagrada ou profana que se apoie em prova mais imponente.” Da comunidade científica, excluindo alguns para quem a realidade dos factos se sobrepunha às suas convicções, Sir William Crooks recebeu a hostilidade e a ironia, atentando contra a sua boa-fé e moralidade, em vez de admitirem que existiria a possibilidade de estarem errados. No livro “Nouvelles Expériences sur la Force Psychique”, Sir William Crooks realça o verdadeiro papel da ciência, que deveria servir de guia a todos, sem excepção, que procuram a verdade, qualquer que ela seja: “O verdadeiro papel da ciência é descobrir a verdade, pesquisar em todo o lado, procurar e perseguí-la pelos caminhos travessos e pelas grandes estradas; Quando a encontrar, proclamá-la completamente e sem medo, sem se preocupar em fazer-se autoridade da moda ou com os prejuízos.”

(Comentário por: Carlos Miguel Pereira. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Caridade por Amor (CECA), na cidade do Porto, e colaborador regular do Espiritismo.Net)

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