terça-feira, 10 de março de 2009

Conflitos

1 – Vivo em conflito permanente com meus pais, que não concordam com meus hábitos, minha maneira de ser. Pretendem impor disciplinas com as quais não concordo. Se não estavam dispostos a me aceitar como sou, por que me conceberam? Não pedi para nascer!

Lamentável engano. A rebeldia implícita em sua postura revela que você, muito mais do que pedir, implorou para nascer em seu lar. Foi a oportunidade abençoada de sair das regiões umbralinas, no Além-túmulo, por onde terá transitado, entre angústias e aflições. Considere que a barra é bem mais leve em seu lar.

2 – Tudo bem que eu tenha pedido para nascer. Mas eles são muito controladores. Querem se imiscuir em tudo que faço.

É porque não veem em você a firmeza e a disciplina necessárias para soltar as rédeas. E não se esqueça de que eles pagam suas contas. É de justiça, portanto, que leve em consideração o que dizem.

3 – Mesmo que não concorde? Meus pais parecem viver noutro planeta.

Um psicólogo chamaria isso de conflito de gerações. Será superado quando lhe pesarem os anos e você reconhecer que as coisas não eram bem como imaginava. Até lá terá quebrado a cara muitas vezes. Será bem melhor, menos traumatizante, se admitir que seus pais talvez tenham razão e dispuser-se ao diálogo com eles, sem a pretensão de impor a liberdade de jogar como deseja, no cassino da Vida, sem cacife para isso.

4 – O problema é que meus pais me sufocam...

Se não concordar com sua maneira de ser e com suas ideias é sufocá-lo, você vai ter problemas a vida toda, porquanto sempre encontrará pessoas que pensam diferente, e terá que se submeter a disciplinas que não guardam compatibilidade com seus interesses e seus desejos.

5 – Uma das coisas que mais me aborrecem em meus pais é acharem ruim que eu ouça música em meu quarto.

Certamente reclamam do volume. Assim como você quer a liberdade de curtir um som em seu quarto, seus pais têm o direito de não ouvi-lo no quarto deles. Torturar os próprios tímpanos, exercitando masoquismo, é escolha sua. Impor essa tortura aos familiares é exercício de sadismo. Que tal usar fones de ouvido?

6 – Também me aborrecem com a mania de ordem em minhas coisas. – Arrume o quarto! Olha a bagunça! Apague as luzes! Cuidado com o chuveiro elétrico! – É o dia todo! Por que não me deixam em paz?

Dizem os mentores espirituais que esse desleixo é uma tendência herdada do trânsito pelo umbral, onde impera a desordem. Uma boa razão para você organizar-se. Imagine se todos em sua casa fossem assim displicentes! Em breve estariam numa sucursal umbralina.

7 – Não deveriam cobrar-me tanto. Afinal vou indo bem na escola. Tiro notas sofríveis, é verdade, mas nunca levei “bomba”.

Não faz nada além da obrigação, já que esse é o seu único compromisso, não com seus pais, mas com seu futuro. Notas sofríveis não são suficientes para quem quer entrar numa faculdade e preparar-se adequadamente para enfrentar os desafios da Vida.

8 – A gente acaba cansando das cobranças.

Quem recebe cobranças é o mau pagador. Se quer viver em paz com a família e consigo mesmo, experimente cumprir seus deveres escolares e familiares, levando a sério suas obrigações.


(Contribuição de Richard Simonetti. Artigo contido no livro "Dúvidas e Impertinências", a ser lançado em Abril/2009 - site: www.richardsimonetti.com.br e CEAC - www.ceac.org.br)

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