domingo, 8 de março de 2009

A divulgação equivocada do Espiritismo na mídia

A freqüência com que temas espíritas estão aparecendo na mídia tem crescido bastante nos últimos anos. Assuntos que antes eram abordados apenas em reuniões nos centros espíritas estão nos jornais, revistas e programas de televisão. É certamente um dos muitos sinais que uma mudança de mentalidade está ocorrendo.
Alguns companheiros, no entanto, questionam: "mas a reportagem está incompleta!"; "fatos importantes foram omitidos!", "a idéia espírita de reencarnação não é bem esta!" Realmente, aqueles que têm algum conhecimento doutrinário identificam facilmente equívocos, erros, deturpações e omissões quando se trata da veiculação de questões espíritas na mídia.
Encontramos, no movimento espírita, duas posições extremas: enquanto alguns simplesmente "não estão nem aí" para o que está sendo divulgado ou não na mídia, outros se inflamam e se exaltam com os problemas encontrados. Mas sabemos que toda posição extrema requer ponderação.
Pensemos: o que move a mídia, genericamente falando? Questões financeiras. Jornais, revistas de circulação nacional, novelas, programas de auditório, filmes, programas de rádio e, atualmente, até mesmo sites e portais precisam de dinheiro para existir. Quanto maior o público atingido, maiores as necessidades financeiras para sustentar a confecção, a distribuição e a circulação dos produtos midiáticos. E o Espiritismo tem estado na moda. Este é um ponto básico. Exceção às iniciativas de caráter essencialmente ideológico, geralmente sustentado por voluntários, o resto precisa de dinheiro.
Quando um tema de fundo espírita aparece na mídia, não pensemos que se trata de divulgação espírita. Isto não é função dos meios de comunicação de massa, no presente. Isto é trabalho de cada espírita, de cada casa espírita, do movimento espírita. Filmes e novelas que mostram espíritos, reencarnação, comunicações mediúnicas não têm, a princípio, nenhum compromisso com a Doutrina Espírita.
Claro que nós, espíritas, podemos aproveitar estas ocasiões para divulgar o Espiritismo entre os amigos, promover esclarecimentos, atender à curiosidade de muitos que, como dissemos, nunca iriam a um centro espírita para ouvir e falar disso. Mas não tenhamos a ilusão de que isso ajuda ou atrapalha a Doutrina Espírita. O movimento espírita é responsabilidade nossa.
As verdades estarão sempre misturadas às mentiras. O falso ao verdadeiro. Por isso cada um precisa eleger um parâmetro, uma diretriz, um modelo, pelo qual possa julgar as idéias novas que chegam. No caso dos espíritas, este parâmetro está na codificação e nos ensinamentos de Jesus. O jovem espírita precisa estar atento a isso. Em meio a tantas novidades, no descortinar de uma nova reencarnação, as escolhas nesta fase são fundamentais.
À mídia devemos votar o mesmo cuidado que os espíritos recomendam às comunicações mediúnicas: "Nem todos os espíritos são de Deus". Nem tudo que parece Espiritismo na mídia, é na verdade Espiritismo. Se isso acontece dentro do próprio movimento espírita, onde obras de conteúdo questionável são publicadas e estão nas estantes das livrarias rotuladas como "espíritas", imaginemos na mídia comum, que está acostumada a "dar a César o que é de César" mas ainda não sabe "dar a Deus o que é Deus".
Vamos ler tudo, questionar tudo, ter atenção a tudo. Mas tenhamos um fio de prumo com o qual possamos avaliar os desvios. Uma âncora que não permita que nosso navio seja levado pelos ventos ao acaso. A mídia (como a mediunidade, palavras com o mesmo radical) é um instrumento: saibamos entender quem está fazendo uso dele. Aqueles que desejam conhecer Espiritismo devem ler as obras básicas e freqüentar grupos de estudos espíritas, antes de acreditarem (ou criticarem) as novelas e reportagens. A melhor divulgação do Espiritismo continua sendo o comportamento de cada espírita.


(Ely Matos é membro da Equipe do CVDEE)

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