quinta-feira, 11 de junho de 2009

Biografia: Adolfo Bezerra de Menezes

Adolfo Bezerra de Menezes nasceu na antiga Freguesia do Riacho do Sangue (hoje Jaguaretama), no Estado do Ceará, no dia 29 de agosto de 1831, desencarnando no Rio da Janeiro, no dia 11 de abril de 1900.

No ano de 1838 entrou para a escola pública da Vila do Frade, onde, em dez meses apenas, preparou-se, suficientemente, até onde dava os conhecimentos do professor que dirigia a primeira fase de sua educação. Muito cedo revelou a sua fulgurante inteligência, pois aos 11 anos de idade iniciava o curso de Humanidades e, aos 13 anos, conhecia tão bem o latim que ele próprio o ministrava aos seus companheiros, susbtituindo o professor da classe em seus impedimentos.

Seu pai era um homem relativamente abastado, porém, por efeito de seu bom coração, comprometeu sua fortuna, dando abonos em favor de parentes e amigos, que o procuravam, a fim de explorarem os seus sentimentos de caridade. Percebendo, então, que seus debitos igualavam seus haveres procurou os credores e lhes propôs entregar sua fazendas de criação e tudo o mais que fosse suficiente para integralizar a divida.

Os seus credores recusaram a proposta, dizendo-lhe que pagasse quando e como pudesse. O honrado cidadão insistiu, mas não conseguindo demover seus credores decidiu-se a tornar mero administrador do que fora a sua fortuna, retirando apenas o que fosse necessario para a manutenção de sua familia, que passou da abundancia as privacoes.

Foi nessa fase que Adolfo Bezerra de Menezes, formulando os mais veementes votos de orientar-se pelo carater integro de seu pai, e com minguada quantia que seus parentes lhe deram, partiu para o Rio de Janeiro, a fim de seguir a carreira que sua vocação lhe inspirava - a Medicina.

Ingressou em novembro de 1852 como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericordia. Doutorou-se em 1856, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em 1858, concorreu a uma vaga de lente substituto da Seção de Cirurgia da Faculdade de Medicina. Nesse mesmo ano, o mestre Manuel Feliciano Pereira de Carvalho, então Cirurgião-Mor do Exercito, fe-lo nomear seu assistente, com o posto de Cirurgião-Tenente.

Eleito vereador municipal pelo Partido Liberal, em 1861, teve sua eleição impugnada pelo chefe conservador Haddock Lobo, sob a alegação de ser medico militar. Com o objetivo de servir o seu partido, que necessitava dele para ter maioria na Camara, resolveu afastar-se do Exército. Em 1867, foi eleito Deputado Geral, tendo ainda figurado numa lista triplice para uma carreira no Senado.

Quando politico, levantaram-se contra ele, a exemplo do que sucede com todos os politicos honestos, rudes campanhas de injuria, cobrindo seu nome de improperios entretanto, a prova da pureza de sua alma, deu-a, quando deliberou abandonar a vida publica e dedicar-se aos pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuia. Corria sempre ao casebre do pobre onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da sua profissão de medico e o auxilio da sua bolsa minguada e generosa.

Afastado interinamente da atividade politica, dedicou-se a empreendimentos empresariais criou a Companhia Estrada de Ferro Macae-Campos, na então provincia do Rio de Janeiro. Posteriormente, empenhou-se na contrução da via ferrea de Santo Antonio de Padua, pretendendo leva-la ate o Rio Doce, desejo que não conseguiu realizar. Foi um dos diretores da Companhia Arquitetonica que, em 1872 abriu o Boulevard 28 de Setembro , no então bairro de Vila Isabel. Em 1875, foi presidente da Companhia Carril de São Cristovão. Voltando a politica, foi eleito vereador em 1876, exercendo o mandato ate 1880. Foi ainda presidente da Camara e Deputado Geral pela Provincia do Rio de Janeiro, no ano de 1880.

Quando o Dr. Carlos Travassos empreendeu a tradução de O Livro dos Espiritos , de Allan Kardec, ofereceu um exemplar, com dedicatoria, a Bezerra de Menezes. No dia 16 de agosto de 1886, um auditorio com cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade, que enchia o salão de honra da Velha Guarda, ouviu, em silencio, emocionado, atonito, a palavra de ouro do eminente politico, do eminente medico, do eminente cidadão, do eminente catolico, Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, que proclamava aos quatro ventos a sua adesão ao Espiritismo. Ela era um autentico religioso, no mais alto sentido. Sua pena foi, por isso, desde o primeiro artigo assinado, em janeiro de 1887, posta ao serviço do aspecto religioso do Espiritismo.

Demonstrada a sua capacidade literaria no terreno filosofico, que pelas replicas, quer pelos estudos doutrinarios, a Comissão de Propaganda da União Espirita do Brasil incumbiu Bezerra de Menezes de escrever, aos domingos, no O Paiz , tradicional orgão da imprensa brasileira, dirigido por Quintino Bocaiuva, uma serie de artigos sob o titulo O Espiritismo - Estudos Filosoficos . Os artigos de Max , pseudonimo de Bezerra de Menezes, marcaram a epoca de ouro da propaganda espirita no Brasil. Esses artigos foram publicados, ininterruptamente, de 1886 a 1893.

Bezerra de Menezes tinha o encargo de medico como verdadeiro sacerdocio por isso, dizia: Um medico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate a porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem chora a porta que procure outro, esse não e´ medico, e´ negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. Esse e´ um infeliz, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a unica esportula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espirito, a unica que jamais se perdera nos vais-e-vens da vida.

No ano de 1883, reinava um ambiente francamente dispersivo no seio do Espiritismo no Brasil, e os que dirigiam os nucleos espiritas do Rio de Janeiro sentiam a necessidade de uma união mais estreita e indestrutivel.

Os Centros Espiritas, onde se ministrava a Doutrina, trabalhavam de forma autonoma. Cada um deles exercia sua atividade em um determinado setor, despreocupado em conhecer as atividades dos demais. Esse estado de coisas levou-os a fundação da Federação Espirita Brasileira (FEB).

Nessa epoca, ja existiam muitas sociedades espiritas, porem as unicas que mantinham a hegemonia eram quatro: a Academica, a Fraternidade, a União Espirita do Brasil e a Federação Espirita Brasileira. Entretanto, logo surgiram entre elas rivalidades e discordias. Sob os auspicios de Bezerra de Menezes, e acatando importantes instrucoes, dadas por Allan Kardec, atraves do medium Frederico Junior, foi fundado o famoso Centro Espirita porem nem por isso deixava Bezerra de dar a sua cooperação a todas as outras instituicoes.

O entusiasmo dos espiritas logo se arrefeceu, e Bezerra de Menezes se viu desamparado dos seus companheiros, chegando a ser o unico frequentador do Centro. A cisão era profunda entre os espiritas que se dividiam em misticos e cientificos .

Em 1893, a convulsão provocada no pais, pela revolta da armada, provocou o fechamento de todas as sociedades espiritas. No Natal do mesmo ano, Bezerra encerrava a serie de artigos que vinha publicando em O Pais.

Em 1894, o ambiente demonstrou tendencias de melhora e o nome de Bezerra foi lembrado como o único capaz de unificar a família espírita. O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da FEB, cargo que ocupou até 11 de abril de 1900, quando desencarnou, vítima de violento ataque de congestão cerebral.

Devido ao seu Espírito caridoso e prestativo, Bezerra de Menezes mereceu o cognome de O Médico dos Pobres.

Fonte: http://www.universoespirita.org.br

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