quarta-feira, 10 de junho de 2009

Notícia: "No interior de Minas, paquera é na praça".

Nas cidades pequenas, o local do flerte é a praça. As jovens de Acaiaca já avisam: o rapaz não pode ir logo colocando a mão.

"Welcome to Acaiaca" - e não é exterior, é interiorzão de Minas Gerais mesmo.

“Acaiaca evoluiu bastante”, comenta um morador.

Só o que não mudou foram os hábitos dos quatro mil habitantes, sempre entrosados.

“Aqui todo mundo conhece todo mundo”, garante uma estudante.

Conhece mesmo. Mas para ir além de uma amizade é preciso respeitar os modos do povo. Primeiro, ir para a única praça da cidade para flertar: olhar, olhar e olhar até alguém olhar também.

“Enquanto não encontra vai procurando”, ensina outra estudante.

E quando encontra ...

“Começa a olhar. Se interessou, a gente vai na paquera”, ensina o estudante Maxwell.

Mas ai do mocinho que bancar o abusado.

“Tem muitos caras que são para frente. A gente vai ficar com o cara, aí o cara começa a passar a mão em você, entendeu? Não pode”, alerta a estudante Flávia Lúcia Pereira.

Se é assim até hoje, imagine 33 anos atrás. Que peleja, hein, Dona Efigênia Ventura?

“A gente só olhava de longe. Depois chegava de perto bem desconfiado. A gente não ficava muito próximo porque, além do meu pai ser muito rígido, tinha uma madrasta que ficava tomando conta da gente. A gente ficava só em pé na praça mesmo”, conta a funcionária pública.

Mas o galanteador Seu João, com sua irresistível "espiadinha" de rabo de olho, levou a melhor.

“O olhar dele era do mesmo jeito que ele olha até hoje, bem desconfiado”, lembra Efigênia.

Nunca fizeram uma pesquisa para saber quantas famílias de Acaiaca começaram na praça. Mas, ninguém duvida que foi a maioria. Pelo visto a fórmula continua dando certo. São cerca de 30 casamentos por ano na cidade e sabe quantos divórcios em 2007, ano da última pesquisa disponível? Zero.

Os agricultores Edmar Galdino da Silva e Nélia Regina da Silva contribuem para essa estatística.

“São 20 anos vivendo juntos, rindo e chorando”, diz Edmar.

Adivinhe como começou?

“Estava na praça e de repente rolou um olhar. Ela olhou para mim e eu olhei para ela”, lembra o agricultor.

A troca de olhares começa à noitinha, com a fonte ligada na praça.

Em São Sebastião do Paraíso, pertinho da divisa com São Paulo é assim: da igreja direto para a pracinha.

“Eu a vi cantando lá e falei ‘essa aí que é a minha’. Aí só olhei, tal e conquistei”, diz o estudante Samuel.

Samuel foi só mais um a sair acompanhado da pracinha do cupido, o ponto de encontro predileto dos paqueradores de plantão.

“Cada um mora num canto da cidade e a gente tem que se encontrar bem no centro, fica difícil ficar se encontrando um na casa do outro”, aponta a estudante Camila Venturini.

Maurício e Camila - olhares que um dia se encontraram. A pessoa certa, na hora exata e no local de sempre.

“É o famoso depois da missa. Acabou a missa a praça enche. Fica todo mundo olhando, paquerando, conversando. É sempre assim. É o jeitinho mineiro de namorar”, comenta o estudante Mauricio Henrique da Silva.

Fonte: http://g1.globo.com/bomdiabrasil/0,,MUL1162106-16020,00-NO+INTERIOR+DE+MINAS+PAQUERA+E+NA+PRACA.html

***
COMENTÁRIO
Bons exemplos como esses devem ser divulgados, principalmente para boa parcela da juventude que acredita que preservar valores morais e levar a sério relacionamento amoroso é careta. Na verdade, careta é viver sem dar importância a uma coisa tão séria.
Perdeu-se o romantismo?
Eliane Percília (Nova Escola) nos diz que atualmente o namoro foi substituído pelo ato de ficar, que significa basicamente beijar, abraçar e até mesmo transar com uma pessoa que mal se conhece, e sair com ela uma vez apenas ou, no máximo, duas é natural. Muitos adolescentes estão optando por ficar ao invés de namorar, pois ficar é uma felicidade momentânea já que no relacionamento mais sério você poderá encontrar a felicidade, mas também a tristeza advinda das dificuldades de uma relação a dois. Geralmente são os homens os mais adeptos do “ficar”, normalmente as mulheres ficam presas ao sentimento, os homens são mais racionais pensam apenas em satisfazer seus desejos.
O jovem de hoje passa pelo difícil teste de ter responsabilidade para bem direcionar a liberdade que conquistou para construir a vida feliz com que sonha. Eis porque exemplos como esse são tão importantes para a nossa reflexão.

Bjks da Elo!

(Eloci Mello é membro da Equipe do CVDEE)

Nenhum comentário:

Postar um comentário